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Quanto maior for o IMC, mais acentuado o envelhecimento do cérebro. Esta diferença não se reflete, porém, na capacidade cognitiva, mas pode aumentar o risco de doenças ligadas ao envelhecimento.

As pessoas obesas ou com excesso de peso têm um cérebro mais envelhecido do que as pessoas mais magras. A revelação é de um estudo conduzido na Universidade de Cambridge, que concluiu que quanto maior é o Índice de Massa Corporal (IMC) de uma pessoa, maior é o envelhecimento do cérebro. Este envelhecimento não se reflete, contudo, no QI.

“Os cérebros parecem ser 10 anos mais velhos em pessoas com excesso de peso ou obesas”, explica ao The Guardian a investigadora Lisa Ronan, responsável pelo estudo. O envelhecimento é causado pela diminuição da quantidade de substância branca no cérebro, acelerada pelo excesso de peso (ver caixa).

O que é a substância branca?

A substância branca é um tecido cerebral, composto por fibras e nervos, que é responsável pela comunicação entre as várias partes do cérebro.

A quantidade deste tecido é maior em idades mais jovens, e vai diminuindo à medida que envelhecemos.

Este novo estudo mostra que a diminuição da quantidade de substância branca no cérebro é influenciada pelo IMC (Índice de Massa Corporal) do indivíduo. UmIMC maior está diretamente ligado a uma maior diminuição da quantidade de massa branca, o que leva os cientistas a concluir que as pessoas mais magras têm cérebros aparentemente mais jovens do que as mais gordas.

O estudo não permitiu concluir qual a origem desta relação. Poderá acontecer, por exemplo, que um exista um gene responsável simultaneamente pelo elevado IMC e pela diminuição da substância branca. É possível, também, que essa diminuição leve a mudanças cerebrais que motivem a pessoa a comer mais.

Apesar do envelhecimento mais acentuado nas pessoas mais gordas, não há diferenças ao nível da capacidade cognitiva. “A cognição muda na população em geral à medida que se envelhece”, explica Lisa Ronan, e isso é “perfeitamente normal”. “Não há quaisquer diferenças nestas mudanças entre as pessoas magras e as obesas”, acrescenta.

As consequências, essas, podem ser ao nível da saúde. A investigadora sustenta que “o estudo levanta a possibilidade de que as pessoas com excesso de peso, ou obesas, podem ser mais suscetíveis a doenças relacionadas com o envelhecimento, como demência ou Alzheimer”.

O estudo foi feito através da análise de imagens por ressonância magnética de 473 indivíduos saudáveis, com idades compreendidas entre os 20 e os 87 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos — 246 no grupo dos magros e 227 no grupo dos obesos ou com excesso de peso.

Como explica o jornal britânico, os investigadores compararam indivíduos com a mesma idade e descobriram que, a partir dos 37 anos, há uma diferença entre a quantidade de substância branca no grupo dos obesos e no grupo dos magros vai sendo, que vai sendo cada vez maior, até estabilizar por volta dos 40 anos.

“Toda a gente entende o impacto da obesidade no corpo, mas no cérebro ficamos perdidos, não entendemos ainda”, explica Ronan, acrescentando que este estudo “é parte do puzzle”.

João Francisco Gomes

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