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Mudar de casa rejuvenesce a sua memória

Mudar de casa rejuvenesce a sua memória

Quando bate aquela nostalgia, a maioria das pessoas relembra histórias da adolescência e do início da juventude. São os anos mais cheios de novidades, de formação de identidade e experimentação intensa – junte isso a um cérebro mais jovem e o resultado é um número maior de memórias a longo prazo, que continuamos a acessar quando ficamos mais velhos.

Mudanças

Na fase adulta, é comum que o número de memórias marcantes diminua e as lembranças se tornem menos distintas. Mas cientistas descobriram que quando as pessoas mudam de casa, mesmo quando estão mais velhas, as memórias “rejuvenescem”.

Pesquisadores da Universidade de New Hampshire entrevistaram voluntários com mais de 65 anos. Cada um precisava relatar qual foi sua mudança de residência mais importante entre os 40 e os 60 anos de idade. Além disso, eles identificaram suas 5 experiências mais memoráveis nessas duas décadas.

Os cientistas esperavam que cerca de 13% das memórias importantes fossem ter alguma relação com a mudança. Foram surpreendidos pelo dobro: 26% das experiências aconteceram entre um ano antes e um ano depois da mudança. Ou seja: ir para uma nova casa estimular um quarto das principais lembranças de 20 anos da vida das pessoas.

Com base nesses resultados, os pesquisadores acreditam que trocar de lar acaba simulando o mesmo panorama psicológico da adolescência. O impacto da transição envolve todos os detalhes da vida cotidiana em um cenário de novidade – e sinaliza para que o cérebro fixe essas experiências com mais firmeza na memória.

Mesmo assim, não vale qualquer grande transição na hora de rejuvenescer a memória. Os cientistas levaram em conta outras mudanças na vida (como mudar de emprego) e trocar de residência ainda se destacou acima das demais. Para os psicólogos, ela serve como “fertilizante ideal” de novas memórias porque acaba gerando um efeito-dominó de experiências.

Mudar de casa também significa dormir em um lugar novo, encontrar novos restaurantes para comer, sentir novas variações de temperatura. Em um período em que a vida já está mais estável, e o número de “primeiras vezes” é muito menor que a adolescência, variar o ambiente onde você vive parece ser o melhor gatilho para reencontrar o ineditismo.

Cérebros das pessoas mais gordas são 10 anos mais velhos do que os das pessoas magras

Quanto maior for o IMC, mais acentuado o envelhecimento do cérebro. Esta diferença não se reflete, porém, na capacidade cognitiva, mas pode aumentar o risco de doenças ligadas ao envelhecimento.

As pessoas obesas ou com excesso de peso têm um cérebro mais envelhecido do que as pessoas mais magras. A revelação é de um estudo conduzido na Universidade de Cambridge, que concluiu que quanto maior é o Índice de Massa Corporal (IMC) de uma pessoa, maior é o envelhecimento do cérebro. Este envelhecimento não se reflete, contudo, no QI.

“Os cérebros parecem ser 10 anos mais velhos em pessoas com excesso de peso ou obesas”, explica ao The Guardian a investigadora Lisa Ronan, responsável pelo estudo. O envelhecimento é causado pela diminuição da quantidade de substância branca no cérebro, acelerada pelo excesso de peso (ver caixa).

O que é a substância branca?

A substância branca é um tecido cerebral, composto por fibras e nervos, que é responsável pela comunicação entre as várias partes do cérebro.

A quantidade deste tecido é maior em idades mais jovens, e vai diminuindo à medida que envelhecemos.

Este novo estudo mostra que a diminuição da quantidade de substância branca no cérebro é influenciada pelo IMC (Índice de Massa Corporal) do indivíduo. UmIMC maior está diretamente ligado a uma maior diminuição da quantidade de massa branca, o que leva os cientistas a concluir que as pessoas mais magras têm cérebros aparentemente mais jovens do que as mais gordas.

O estudo não permitiu concluir qual a origem desta relação. Poderá acontecer, por exemplo, que um exista um gene responsável simultaneamente pelo elevado IMC e pela diminuição da substância branca. É possível, também, que essa diminuição leve a mudanças cerebrais que motivem a pessoa a comer mais.

Apesar do envelhecimento mais acentuado nas pessoas mais gordas, não há diferenças ao nível da capacidade cognitiva. “A cognição muda na população em geral à medida que se envelhece”, explica Lisa Ronan, e isso é “perfeitamente normal”. “Não há quaisquer diferenças nestas mudanças entre as pessoas magras e as obesas”, acrescenta.

As consequências, essas, podem ser ao nível da saúde. A investigadora sustenta que “o estudo levanta a possibilidade de que as pessoas com excesso de peso, ou obesas, podem ser mais suscetíveis a doenças relacionadas com o envelhecimento, como demência ou Alzheimer”.

O estudo foi feito através da análise de imagens por ressonância magnética de 473 indivíduos saudáveis, com idades compreendidas entre os 20 e os 87 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos — 246 no grupo dos magros e 227 no grupo dos obesos ou com excesso de peso.

Como explica o jornal britânico, os investigadores compararam indivíduos com a mesma idade e descobriram que, a partir dos 37 anos, há uma diferença entre a quantidade de substância branca no grupo dos obesos e no grupo dos magros vai sendo, que vai sendo cada vez maior, até estabilizar por volta dos 40 anos.

“Toda a gente entende o impacto da obesidade no corpo, mas no cérebro ficamos perdidos, não entendemos ainda”, explica Ronan, acrescentando que este estudo “é parte do puzzle”.

João Francisco Gomes

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