src="https://cdnjs.cloudflare.com/ajax/libs/reading-time/2.0.0/readingTime.min.js

Ansiedade e depressão na infância e o impacto sobre o aprendizado- um texto para educadores, por Elisabete Castelon Konkiewitz

Sinais sutis e indiretos podem indicar grande sofrimento. Fique sempre atento aos desenhos, encenações e variados comportamentos e formas de expressão. A criança muitas vezes não verbaliza os seus problemas, mas sempre os revela.

Depressão 

A depressão é doença frequente também em crianças. Estatísticas americanas apontam para uma frequência de 0,9% em pré-escolares, 1,9% em escolares e 4,7% em adolescentes.

Existe forte predisposição familiar, havendo um padrão de herança provavelmente do tipo poligênico, multifatorial.

As manifestações podem ser tão diversas, que é preciso muita sensibilidade na observação da criança. Esta pode mostrar-se triste, chorona, desinteressada, ou agressiva, arredia, irritada, intolerante. Pode também causar a impressão de deficiência intelectual, pois a depressão pode causar dificuldade de concentração, memorização, lentificação das reações e atraso no desenvolvimento neuro psicomotor.

Outra possibilidade é a de a depressão se mostrar apenas através de queixas físicas: dores de cabeça, de barriga, insônia, perda de apetite, etc.

Na adolescência pode haver abuso de álcool ou outras drogas, devido a uma tentativa da criança de se automedicar, buscando uma saída, mesmo que temporária, desde estado insuportável de desesperança e angústia.

 

Para o diagnóstico a criança deve apresentar, pelo menos, cinco dos seguintes sintomas, por um período de, pelo menos, duas semanas:

  1. Humor deprimido na maior parte do dia. Na criança o humor pode ser irritável
  2. Desinteresse, falta de prazer
  3. Perda ou ganho de apetite/peso
  4. Insônia ou hipersonia
  5. Agitação ou retardo psicomotor
  6. Fadiga ou perda de energia
  7. Sentimento de inutilidade, ou culpa, autodepreciação
  8. Diminuição da concentração
  9. Pensamentos de morte
  10. Humor deprimido na maior parte do dia. Na criança o humor pode ser irritável

 

O tratamento deve ser instituído por um profissional, que então optará por um acompanhamento psicoterápico, com um trabalho também com a família. Casos mais acentuados tornam o uso de medicação necessário.

Violação das mulheres sabinas: concepção de guerra de Picasso centrada no sofrimento das vítimas, em particular das mulheres e crianças. Ele simplifica as pinturas para se concentrar na brutalidade da morte pela espada. Os soldados, suas armas e seus cavalos são ampliados e são dados proeminência como uma representação simbólica do poder dos exércitos do estado sobre indivíduos. Os passos dos soldados no peito de uma criança e a angústia da mãe são mostrados através da deformidade de suas poses desamparadas.

Transtornos de ansiedade

Transtorno de ansiedade de separação: consiste no transtorno de ansiedade mais comum na infância, presente em cerca de 3 a 4% das crianças em idade escolar. Ocorrem angústia e ansiedade extremas quando a criança imagina, ou se vê em uma situação na qual possa haver a sua separação da pessoa que a cuida (geralmente a mãe, ou quem faça o papel de mãe), ou de pessoas muito queridas. Há preocupações excessivas de que um evento possa ocorrer e levar à separação. A criança fica imaginando situações, nas quais a mãe possa morrer, ir embora, fugir, ser roubada, etc.  Uma consequência pode ser a relutância em ir à escola. Interessante é que este medo pode se manifestar através de queixas somáticas, como dor de cabeça, dor de barriga, pesadelos, entre outros.

 

Transtorno de Ansiedade Generalizada: a criança mostra uma preocupação excessiva em relação ao futuro, ao desempenho, à competência, à aprovação e opinião de outros. São crianças tensas, incapazes de relaxar e, frequentemente têm queixas somáticas.

 

Mesmo fora de fins de pesquisa – para os quais , de fato, foi desenvolvida -, a escala abaixo apresenta questões que podem guiar o profissional na suspeita de ansiedade na criança e na indicação de  um aprofundamento diagnóstico

 

ESCALA TRAÇO-ANSIEDADE INFANTIL (mais que 41 pontos indica ansiedade)

Nome:________________________Sexo:______________Idade:_____Data:________

Vocês encontrarão aqui indicações, descrevendo os comportamentos infantis ou seus problemas. Leiam atentamente as indicações e escolham o grau de sofrimento da criança em relação ao problema apresentado. Indique:

0: ausente; 1: raramente; 2: frequentemente; 3: sempre.

  1. Tem tendência a se mostrar inquieto ou a ficar preocupado a propósito de qualquer coisa (exames, competições,doenças de pessoas próximas, brigas entre os pais…).
  2. Tem tendência a preocupar-se, evitar ou recusar situações novas.
  3. Tem tendência a ter dores de barriga.
  4. Tem tendência a preocupar-se ou evitar pessoas que não lhe são familiares.
  5. Tem tendência a perguntar muito a respeito de fatos cotidianos.
  6. Tem tendência a preocupar-se com a volta às aulas, as idas ao quadro negro, os exames.
  7. Queixa-se de dores de cabeça.
  8. Queixa-se de vários tipos de dores.
  9. Tende a ser irritável, nervoso, reclamando de tudo.
  10. Tem a tendência de perguntar muito no que se refere a temas insólitos ou surpreendentes.
  11. Queixa-se, espontaneamente, de esquecimento ou lacunas de memória.
  12. Preocupa-se com o que os outros pensam a seu respeito (colegas, professores, instrutores etc.).
  13. Recusa-se a ficar sozinho ou tem medo da solidão.
  14. Abandona rapidamente as tarefas iniciadas.
  15. Chora facilmente
  16. Procura situações de segurança (por contato físico, pela presença e pessoa familiar, por encorajamento).
  17. Tem medo de escuro.
  18. É sensível às críticas.
  19. Apresenta recusas sistemáticas e apresenta “caprichos” (para levantar-se pela manhã, para se vestir, para lavar-se, para fazer as lições da escola, etc.).
  20. Duvida de seu valor e de seu sucesso (escolar, esportivo etc.).
  21. Justifica os maus resultados escolares por esquecimento ou falhas de memória.
  22. É instável, agitado, superexcitado.
  23. Tem tendência a apresentar problemas digestivos (náuseas, vômitos, diarreias).
  24. Tem dificuldades para se alimentar (apetite caprichoso, recusas alimentares).
  25. Preocupa-se em ter mau desempenho ou fazer mau aos outros exames, competições, relacionamento com os colegas ou professores).
  26. Tende a se distrair ou apresenta dificuldades em se concentrar.
  27. Rói unhas.
  28. Queixa-se de opressão no peito, ou dificuldades em respirar (independentemente de esforço físico).
  29. Tem dificuldades de sono (recusa-se a deitar, tem rituais de adormecimento, exige companhia).
  30. Dificuldades em engolir (queixa-se de uma bola na garganta).
  31. Sobressalta-se com ruídos.
  32. Apresenta pesadelos frequentes.
  33. Queixa-se de que o coração bate muito forte (independentemente de esforço físico).
  34. Tem tendência a apresentar movimentos nervosos (tremores, tiques).

FONTE: Francisco B. Assumpção Jr. Cristiane Renate Resch Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal – Vol 1 0 0 Nº 0 1 ; Jan/Fev/Mar 2 0 0 6

Fobia Social: a criança apresenta uma timidez excessiva, uma grande inibição, em diferentes situações sociais: falar ou comer em público. Ela teme ser tida como estúpida ou ridícula. Também aqui podem ocorrer sintomas físicos extremamente desagradáveis, como, tremor, dor de barriga, náusea, vômitos, falta de ar, aperto na garganta, calor ascendente, palpitação, etc.

Transtorno de pânico: caracteriza-se por ataques imprevisíveis e inesperados de grande medo, sufocação, sensação de perigo morte, palpitação, dentre outros sintomas, com duração média de 15 minutos a meia hora.

 

Fobias Específicas: neste caso a sensação de medo e ansiedade é desencadeada pelo contato com um fator específico, como exposição à altura, lugares fechados,  animais, etc.

 

Fobia Social: Uma criança com fobia social sente um excesso de ansiedade quando está numa situação em que se vê exposta à observação de outras pessoas. Exemplos são  falar, ou ler em voz alta em sala de aula, comer na presença de outras crianças, ir a festas, escrever no quadro negro, usar banheiros públicos, falar com professores ou orientadores e mesmo brincar com outras crianças. Nessas situações relatam sentir calafrios, palpitações e enjôos, sentir o rosto ficar “vermelho”, suar frio, etc. Seu sofrimento é tão intenso a ponto de impedir a realização de tais atividades, pois existe o medo de que os outros percebam sua ansiedade, o que tornaria a situação ainda mais humilhante ou embaraçosa para si.

Pelas próprias características deste transtorno, os pequenos não se queixam do problema e preferem se esconder e se isolar do convívio social. Assim, a criança não tem coragem de tirar dúvidas com a professora, ler em voz alta, ou mesmo conversar e  brincar com os seus colegas.

Sinais sutis e indiretos podem indicar grande sofrimento. Fique sempre atento aos desenhos, encenações e variados comportamentos e formas de expressão. A criança muitas vezes não verbaliza os seus problemas, mas sempre os revela.

google-site-verification: googlee73cd655be624699.html