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A função do sono, segundo as mais recentes pesquisas

A função do sono, segundo as mais recentes pesquisas

O SONO TEM DIVERSAS FUNÇÕES ORGÂNICAS, COMO POR EXEMPLO ‘LIMPAR’ O CÉREBRO DE TOXINAS ACUMULADAS DURANTE O DIA

Dormir garante que os estímulos que se recebe durante o dia sejam fixados na memória. Estudos sobre o assunto dão pistas para tratamento de depressão

Passamos um terço de nossas vidas dormindo. E ainda assim a ciência pouco sabe sobre as funções biológicas do sono – e o motivo real pelo qual dormimos.

Um estudo publicado em setembro de 2016 por pesquisadores da Universidade de Freiburg, na Alemanha, reforçou a hipótese de que ele serve para enfraquecer conexões neurais estabelecidas durante o período em que se passa acordado, o que ajuda a consolidar memórias e aprendizado.

A equipe do pesquisador Cristoph Nissen, que coordenou a pesquisa, conduziu testes em 11 homens e nove mulheres, de 19 a 25 anos, depois de uma noite de sono e de uma noite completamente acordados.

Aos participantes que passaram a noite acordados, não permitiu-se que tomassem café – mas eles podiam jogar, cozinhar e caminhar, por exemplo. Depois, de manhã, os pesquisadores usaram um pulso elétrico para estimular neurônios e causar contração em um músculo na mão esquerda.

Eles observaram que, entre os participantes que não dormiram, foi necessário um pulso muito mais fraco para ativar a contração muscular – o que indica que os neurônios estavam mais conectados e o cérebro mais ativo do que naqueles que tinham dormido à noite.

Outro teste estimulou neurônios para simular a atividade que acontece no cérebro quando memórias são fixadas. E os neurônios, nesse caso, demoraram mais para responder entre aqueles que não tinham dormido à noite. A conclusão: a fixação de memórias é diretamente prejudicada quando você não dorme à noite.

O que isso significa

Em resumo, uma das funções do sono confirmadas pelo estudo é garantir que os estímulos que você recebe durante o dia – das notícias que lê às conversas que tem, passando pelos amigos que encontra, os cheiros que sente e as coisas que vê – sejam fixados na sua memória.

Além disso, também fica claro que o sono atua como uma espécie de “reset” na atividade cerebral. Dormir acalma as conexões neurais para que nós possamos continuar fixando memórias e nos adaptando constantemente àquilo que vivemos.

Essa hipótese foi sugerida pela primeira vez em 2003, em um estudo conduzido pela Universidade de Wisconsin-Madison. Com a comprovação em testes de laboratório, ela ganha ainda mais força.

Não significa que essas sejam as únicas funções do sono. Outro estudo de 2013 demonstrou que, durante o sono, o corpo “limpa” o cérebro de toxinas acumuladas durante o dia, por exemplo.

A descoberta da Universidade de Freiburg também dá força para terapias de tratamento de depressão profunda que envolvam privação do sono.

A ciência já estudou os efeitos da privação do sono em portadores de depressão profunda, com resultados positivos – ao menos imediatos, já que a melhora de humor reportada é significativa.

Mas o método não é usado porque é insustentável: é muito difícil e pouco saudável ficar uma noite sem dormir. O coordenador da pesquisa, Cristoph Nissen, diz que 60% dos participantes que ficaram sem dormir reportaram uma melhora no humor.

Isso prova, diz, que temos uma ferramenta que é capaz de mudar completamente o humor de alguém em questão de horas. A ideia, segundo ele, é olhar mais de perto o que a privação do sono faz com o cérebro para desenvolver novos tratamentos para depressão.

Ana Freitas

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