A revista Science publicou nesta quarta-feira (4) um estudo sobre a mentira, no qual aborda seus propósitos, técnicas, meios e consequências. O objetivo é explorar as muitas dimensões da mentira e por que as pessoas mentem, assim como entender se a tecnologia mudou nossas idéias ou opiniões sobre mentir. Esta lição faz parte de um grupo de lições que se concentram nas ciências sociais, comportamentais e econômicas, desenvolvidas pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, e são financiadas pela National Science Foundation. Nesta lição, os alunos aprendem sobre os diferentes aspectos da mentira – o que é, por que o fazemos e como o fazemos. Eles também exploram se o advento da tecnologia mudou nossas idéias ou opiniões sobre mentir.
É importante considerar fatores ambientais e de desenvolvimento ao estudar a mentira. As crianças nascem em um ambiente social e cultural que afeta como aprendem a pensar e a se comportar, por meio da instrução, do exemplo, das recompensas e do castigo. Eles também são influenciados por amigos, pessoas próximas, parentes e pelos meios de comunicação. Como os indivíduos vão responder a todas essas influências tende a ser imprevisível. Há, no entanto, alguma semelhança substancial na forma como os indivíduos respondem ao mesmo padrão de influências – isto é, de serem criados na mesma cultura. Além disso, os padrões de comportamento induzidos culturalmente, como os padrões de fala, a linguagem corporal e até mesmo a mentira, ficam tão profundamente inseridos na mente humana que operam com frequência sem que os próprios indivíduos sejam plenamente conscientes deles. Pode se dizer que a mentira é um subproduto natural dessas influências.
Cada cultura inclui uma teia um pouco diferente de padrões e expectativas de comportamentos que são aceitáveis ou não. Comportamentos incomuns podem ser considerados meramente divertidos, desagradáveis ou punitivamente criminosos. As consequências sociais consideradas apropriadas para comportamentos inaceitáveis também variam amplamente entre si e de acordo com diferentes sociedades. Na área da mentira, os estudos giram em torno da compreensão de como as conseqüências sociais afetam a probabilidade e a natureza de mentir. O estudo científico da mentira é bastante complexo e difícil de se estudar.
Os alunos descobrem nesta lição que a tecnologia há muito tempo desempenha um papel no comportamento humano, mesmo na área da mentira. Na verdade, o crescimento tecnológico continua a influenciar e perpetuar o tipo, grau e frequência com que contamos mentiras. O advento dos telefones celulares e da Internet deu às pessoas mais meios e oportunidades através das quais podem contar mentiras, muitas vezes com mais segurança do que se estivessem mentindo pessoalmente. Por outro lado, observamos que os esforços da aplicação da lei ao longo dos anos para encontrar melhores meios tecnológicos para detectar a verdade da mentira. Tal como acontece com os seres humanos, estes esforços até agora têm sido pouco expressivos.
Os estudos sobre a mentira consideram as consequências pessoais e sociais de escolhas individuais em muitas áreas da vida. Eles precisam avaliar também acontecimentos que ocorrem na vida de seus amigos (ou seus próprios) e oferecem apenas escolhas indesejadas. Desta forma começamos a estudar os custos sociais da mentira e os benefícios de ser verdadeiro, que a maioria das pessoas aprende à medida que envelhece.
Existem muitos fatores sobre a mentira que não podem ser unicamente examinados de forma científica. Da mesma forma, existem crenças que – por sua própria natureza – não podem ser provadas ou refutadas. O esforço científico nessas áreas pode, no entanto, contribuir para a discussão de questões como a mentira, identificando as prováveis consequências de ações particulares, o que pode ser útil para avaliar alternativas.
Um equívoco para se manter em mente durante o estudo sobre a mentira é o de não perceber que valores, crenças e atitudes podem diferir de cultura para cultura ou que as pessoas de outras culturas têm idéias diferentes porque suas situações são diferentes.
A ciência da mentira é um aspecto muito complexo, embora comum da vida. Devemos considerar as seguintes questões:
1. Que tipos de pessoas mentem?
2. Que habilidade única da comunicação humana torna a mentira possível?
3. Qual é a diferença entre mentir e se enganar, como forma de se defender?
4. Quais são alguns efeitos negativos da mentira na sociedade?
5. Por que é difícil para as pessoas reconhecer um mentirosos?
6. O que acontece às pessoas fisicamente quando mentem?
7. Por que os resultados de um teste de polígrafo não podem ser precisos?
8. Que outros métodos são usados para detectar a mentira?
9. Em que áreas você deve se concentrar na tentativa de detectar um mentiroso?
10. Quais são alguns sinais da mentira?
11. O que são “verdadeiras mentiras” e por que fazem a compreensão e a detecção de mentir tão difíceis?
Questões básicas da mentira verdadeira
Como é a sensação de mentir? E de falar a verdade?
Que tipo de preço os mentirosos pagam nessas situações?
Esta atividade fez de você um melhor detector de mentiras?
E se essa pessoa lhe dissesse a mesma história por e-mail? Você seria capaz de detectar se ele ou ela estava mentindo?
(Aceite todas as respostas razoáveis. Incentive os alunos a elaborarem suas respostas.)
Você também pode querer apontar as diferenças culturais na aceitabilidade de mentir. Em vendas, por exemplo, o exagero de reivindicações de produtos é bem conhecido, levando ao aviso, “Deixe o comprador tomar cuidado.” Além disso, em nossa cultura, é geralmente mais aceitável para as pessoas no poder, como os políticos, mentir para o Público, para os homens a mentir para as mulheres, e para os pais a mentir para as crianças.
Ao longo das últimas décadas, a mentira se manteve no mesmo ritmo que o avanço da tecnologia. Conclui-se que as pessoas não se limitam a mentir pessoalmente, mas utilizam o telefone, por fala ou através de mensagens de texto, por e-mail, posts, blogs, sites e salas de bate-papo pela Internet.