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Vários filósofos, psicanalistas, poetas e intelectuais de todos os gêneros tentaram, ao longo dos séculos, encontrar a uma explicação perfeita para a pergunta: o que é amar? Contudo, apesar deste esforço, as respostas se mostraram inconclusivas, pois nem sempre as explicações podem ser encontradas em palavras…

Alguns cientistas veem no amor sintomas típicos de uma patologia, como face enrubescida, perda de apetite, ansiedade, mãos suadas, batimento cardíaco acelerado, dentre outras.

A psicóloga da Rutgers University, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, Helen Fischer, procurou simplificar os “sintomas” do amor em três fases: luxúria, que é alimentada pelo desejo sexual inato; atração, que é o momento no qual o nosso pensamento passa a ser dominado pela pessoa amada; e apego, fase em que as pessoas estabelecem laços definitivos e permanentes. Tal teoria baseia-se em estudo de casos e toma como ponto de partida o predomínio de certos hormônios no comportamento humano em cada uma das fases. Há um certo determinismo biológico e, como toda a classificação tipológica, é limitada pelo corte epistêmico adotado.

Particularmente, não gosto muito da conjugação na mesma frase das palavras amor e apego. O apego é uma dedicação constante, excessiva, quase um sentimento de posse, que muito prejudica as relações humanas, especialmente em um mundo onde os próprios sentimentos são coisificados.

Normalmente, eu associo o amor à leveza dos sentimentos. Amar não é dor, nem sofrimento. É óbvio que existem conflitos ao longo da vida, como em qualquer relação humana. Também não é mero determinismo. É uma relação construtiva, não necessariamente fechada e monolítica, que permite a nossa evolução como indivíduos.

Logo, o amor não é uma patologia, é um sentimento concreto, algo plenamente humano, e por mais que tenhamos os nossos limites, este é um sentimento nobre, multifacetado, que pode ir além do amor romântico. Afinal, também expressamos amor aos nossos amigos, familiares, animais de companhia, ideais. Assim, se existe outro sentimento humano associado ao amor, este é a empatia. Havendo empatia, damos o primeiro passo.

O amor, também, não pode ser explicado apenas por elementos de natureza racional. É parte do nosso ser imperfeito, incorpora as nossas origens primitivas. Desta forma, o amor, também pode ser recheado de várias ações ilógicas, condenadas nestes tempos de maquinismo moderno.

Quando amamos, por mais efêmera e superficial que seja a conversa com o ser amado, sentimos a nossa vida se transformar. Os dias tornam-se mais iluminados, as jornadas mais leves, e as próprias rotinas suportáveis.

Amar é verbo, é ação, é apoio e reflexão. Jamais “teremos amor” por algo ou alguém. Sempre amaremos, ser o completo do “ter”, pois, a força do sentir, do amar, também está no agir. Assim, não acredito no amor platônico. Aliás, amar é um verbo completo, não precisa de complementação por outros verbos.

O amor também pode ser cortado por momentos de distanciamento, por recusas, por distâncias, por silêncio…  Daí a saudade, a vontade do retorno à convivência… isto quer dizer que o amor sempre é um bom sentimento. Só sentimos saudades daquilo que nos falta. Logo, a saudade também é uma expressão de bons sentimentos, pois é preferível senti-la do que passar uma vida inteira vazia…

Desta forma, só podemos concluir que o amor é um sentimento que nos valoriza, que nos enriquece. É o oposto do ódio e, mesmo que não tenha uma explicação ou definição única, é algo que definitivamente nos torna humanos mais completos…

por Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais

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