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Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

Inteligência do bem ou do mal

Hoje estamos publicando dois artigos com diferentes abordagens sobre a Inteligência Artificial: um otimista e entusiasmado, quase ufanista, e outro mais cauteloso, preocupado, quase pessimista. É comum que os apaixonados por tecnologia identifiquem-se quase naturalmente com o primeiro enfoque, mas é importante não perder de vista as responsabilidades e os novos desafios que todos os progressos trazem. O ideal é que a abordagem responsável não iniba os sonhos da visão apaixonada e que o ideal de um futuro mais promissor não se esqueça de que, para deixarem de ser meras fantasias, os sonhos precisam firmar resolutamente os pés no solo da realidade.


Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

“Fico hesitante em dizer que devemos acelerar nosso desenvolvimento tecnológico,” ponderou o professor Frank Allgöwer. [Imagem: Cortesia Stuttgarter-Zeitung/Reiner Pfisterer]

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Perdendo o controle da tecnologia

De veículos autônomos a fábricas e cidades inteligentes, a humanidade está construindo sistemas computacionais dinâmicos cada vez mais complexos, que trabalham em rede com alto grau de automação e de autonomia.

O grande medo é que, nesse grande mundo interconectado que se avizinha, os humanos tornem-se meros usuários desses sistemas dinâmicos complexos, e não mais a força que os controla.

Para o professor Frank Allgöwer, da Universidade de Stuttgart, na Alemanha, somente com um grande esforço em pesquisa básica, particularmente na área de engenharia cibernética, será possível desenvolver mecanismos de controle para garantir que tudo funcione de maneira adequada – e, sobretudo, que nada saia do controle humano.

“Ainda não entendemos muito bem como esses sistemas funcionam, como interagem e se organizam, mas ainda assim os estamos construindo. Embora pense que os efeitos positivos devem superar os negativos, fico hesitante em dizer que devemos acelerar nosso desenvolvimento tecnológico. Creio que este seria o momento de fazer a pesquisa básica alcançar as inovações tecnológicas que estão surgindo para que possamos realmente entender o que está acontecendo”, ponderou Allgöwer durante uma palestra em São Paulo, promovida pela Fapesp.

Engenharia cibernética

De acordo com o pesquisador alemão, a autonomia crescente e a estrutura em rede são as características-chave das inovações tecnológicas atuais. E a engenharia cibernética é a ciência básica que está no centro desse processo, possibilitando, por meio de métodos matemáticos e teoremas, prever o funcionamento desses sistemas complexos e influenciar seu comportamento.

“Controlar um sistema dinâmico – como por exemplo um carro autônomo – é uma tarefa difícil, nada trivial. Requer, portanto, uma boa base teórica. Mas esse não é o fim da linha. No futuro, haverá muitos carros autônomos e eles terão de se organizar e conversar entre si, de modo a otimizar o trânsito, poupar energia, tempo e evitar acidentes. Essa rede terá de ser operada por controladores cibernéticos, pois nenhum humano consegue reagir rápido o suficiente para gerir uma rede tão complexa e da qual muitas vidas dependem,” exemplificou Allgöwer.

Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

O sonho da inteligência artificial continua cada vez mais vivo, mas um número cada vez maior de especialistas teme uma revolução das máquinas. [Imagem: Jared C. Benedict/MIT Media Lab]

Do mesmo modo, nesse futuro a geração de energia não será mais concentrada em grandes usinas, e sim distribuída em pequenas unidades individuais e até domésticas, formadas por geradores eólicos ou solares interconectados. Essas unidades terão de se organizar de modo a enviar energia onde há demanda, evitando falhas e interrupções no fornecimento.

Já nas fábricas, as linhas de montagem introduzidas na segunda revolução industrial estão dando lugar a estações de manufatura estruturadas em redes. “Na indústria 4.0, se o robô de uma determinada estação quebrar ou estiver sobrecarregado, outro assume sua função e, nesse sistema interconectado, é possível produzir mercadorias de forma mais barata e eficiente,” disse.

Papel das ciências humanas

Para Allgöwer, a crescente autonomia dos sistemas dinâmicos é, em princípio, algo positivo, devendo beneficiar a economia, os meios de trabalho, aumentar a qualidade de vida e a eficiência no uso de recursos, tornando as atividades humanas mais sustentáveis.

Porém, pode haver perigos associados.

“Esses sistemas são tão complexos que os seres humanos não têm como acompanhar tudo o que está acontecendo. Os robôs terão todo o conhecimento sobre nós e vão influenciar tudo o que fazemos. Poderiam essas máquinas assumir o controle da sociedade?”, indagou.

Para responder a questões como essa, segundo Allgöwer, além de pesquisas em engenharia cibernética também serão necessários estudos em áreas como filosofia e ciências sociais.

“É preciso que pesquisadores da área de humanas supervisionem o que os engenheiros estão construindo”, recomendou ele.

Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

Sistema da Microsoft já reconhece a fala tão bem quanto os humanos

Os robôs já conseguem escutar e transcrever o que as pessoas dizem tão bem quando um ouvido humano comum. Foi este o resultado do esforço da Microsoft, que revelou que uma equipe de engenheiros na área de pesquisa em inteligência artificial desenvolveu um sistema de reconhecimento de voz com o mesmo índice de erros que uma pessoa normal.

Para avaliar a qualidade do algoritmo, foi usada a métrica WER (sigla em inglês para “taxa de erros de palavras”), que mede a capacidade de um sistema de reconhecer a voz e transcrevê-la de forma precisa. O software em questão foi capaz de obter uma taxa de erros de apenas 5,9%, que foi aproximadamente igual ao obtido por pessoas que receberam a tarefa de transcrever a mesma conversa.

Compreensivelmente, os pesquisadores da Microsoft ficaram empolgados com o resultado, declarando uma marca histórica. “Alcançamos a paridade humana”, comemora Xuedong Huang, chefe de cientistas da fala na companhia. No entanto, os cientistas explicam que a marca é importante, mas ainda está longe de ser perfeita, porque os humanos não são perfeitos.

As pesquisas para chegar até este ponto foram extensas e duraram décadas, mas o ritmo de evolução se intensificou nos últimos tempos. No mês passado, o sistema também já havia atingido uma marca importante, com uma pontuação de 6,3 WER, que ficou ainda um pouco atrás das capacidades humanas. Neste mês, a meta foi alcançada.

Este nível de precisão usou redes neurais que armazenam volumes enormes de informações, que são usados para treinar o sistema. Com isso, a inteligência artificial consegue reconhecer padrões de voz para conseguir transcrever a fala para texto.

O próximo passo é melhorar ainda mais o sistema e garantir que ele funcione em situações do mundo real, que vão muito além do que um laboratório pode proporcionar. É importante que o algoritmo seja capaz de reconhecer o que é dito também em restaurantes com barulho de fundo, em ruas movimentadas e em ventos fortes.

A conquista é importantíssima para o futuro da Microsoft, já que a grande aposta do mercado de tecnologia é que a inteligência artificial pode substituir os apps em um futuro não muito distante. Em vez de abrir um aplicativo para realizar uma função, dê um comando de voz para uma assistente virtual (no caso da Microsoft, a Cortana) realizar a ação por você; para este futuro se concretizar, o sistema tem que ficar cada vez melhor em entender comandos de voz. Xbox, Office, Windows também se beneficiam diretamente disso.

por RENATO SANTINO

Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

Robôs tomarão 6% de todos os empregos nos EUA até 2021

A robótica e inteligência artificial realmente são coisas maravilhosas, mas um estudo aponta prospectos assustadores para o futuro. Segundo a conceituada empresa de pesquisas Forrester, em 2021, cerca de 6% dos empregos atuais nos Estados Unidos serão eliminados pelo uso de robôs para estas tarefas.

Chamados de agentes inteligentes, estes sistemas movidos por inteligência artificial poderão entender o comportamento humano e tomar decisões baseadas nestas interações. Estes robôs já são capazes de desempenhar papéis como assistentes virtuais, chatbots e sistemas automatizados via robótica como, por exemplo, carros sem motoristas humanos, que já estão em desenvolvimento por empresas como Tesla e Google.

Segundo o especialista da Forrester Brian Hopkins, responsável pelo estudo, em 2021 uma grande onda de inovação iniciará, cortando muitos dos empregos realizados por humanos. “Os maiores impactos serão sentidos em setores como transporte, logística, atendimento e serviços para consumidor”, afirmou Hopkins.

O estudo inclusive foi ilustrativo em mostrar como os robôs e inteligências artificiais serão os empregados do futuro, dizendo que drones farão a entregas de compras por exemplo, sendo que talvez nem as suas compras foram encomendadas por você: seu assistente virtual fez isso.

Para outros analistas, como Andy Stern, ex-presidente do Sindicato de Empregados no setor de serviços norte-americano, a marca de 6% é preocupante, levando em conta o cenário econômico mundial, que está cada vez mais escasso em empregos de tempo integral. “Teremos pessoas procurando emprego e com dificuldades para encontrá-los, pois as mesmas tendências se repetirão em outras áreas como bancos, varejo e saúde”, afirmou Stern. Via: The Guardian.

Por Leandro Souza

Via: The Guardian

 

Os perigos que a Inteligência Artificial trará à humanidade

Olhar para o futuro próximo, é olhar para a Inteligência Artificial

Inteligência Artificial será tão importante para a sociedade do século 21 quanto o microprocessador o foi para o século 20. Aqui no Brasil, no entanto, inserir a tecnologia produtos e serviços ainda parece ser um sonho distante para os executivos

por Cezar Taurion *

As inovações tecnológicas disruptivas podem provocar grandes impactos na maneira como os negócios operam. Se as empresas existentes ignoram ou demoram a adotar essas inovações, os novos entrantes passam a ter uma imensa vantagem competitiva e tendem a tornar irrelevantes e até mesmo tirar do mercado as “incumbents”.

No cenário atual, onde o novo normal é a volatilidade, incerteza, ambiguidade e complexidade, as organizações precisam ter a inovação em seu DNA, ou seja, torná-la uma atividade recorrente. Já em 2003,Gary Hammel em seu artigo “The Quest for Resilience” apontava: “In the past, executives had the luxury of assuming that business models were more or less immortal. Companies always had to work to get better, of course, but they seldom had to get different—not at their core, not in their essence. Today, getting different is the imperative”. A única chance de sobrevivência é, segundo ele, “for all these companies, and for yours, continued success no longer hinges on momentum. Rather, it rides on resilience—on the ability to dynamically reinvent business models and strategies as circumstances change”. E arremata “The goal is an organization that is constantly making its future rather than defending its past”. Inovar, portanto, não é uma questão só de conquistar vantagem competitiva, mas de sobrevivência empresarial!

A revolução tecnológica é real, convivemos com ela. Em 30 anos passamos a ter no bolso um computador (smartphone) com mais capacidade computacional do que os mainframes dos anos 80. Um gigabyte custava pelo menos US$ 100.00,00 e precisava de um gabinete do tamanho de uma geladeira. Hoje custa zero para usuários de serviços como Google Drive, DropBox e outros. Essa evolução é exponencial. Em poucos anos, praticamente todas as pessoas e as coisas do planeta estarão conectadas.

Na década passada, a disseminação da Internet e explosão da mobilidade com o icônico iPhone levou a criação de novos negócios como Uber, Airbnb, Facebook e YouTube. Hoje, precisamos olhar com atenção uma nova disrupção, similar ao potencial impacto do deslocamento de massas tectônicas no planeta: a Inteligência Artificial (IA). Seu deslocamento da pesquisa para o mundo real acontece pela convergência de fatores como aumento exponencial da capacidade computacional, Big Data, evolução dos algoritmos e Machine Learning. Me atrevo a afirmar que a IA será tão importante para a sociedade do século 21 quanto o microprocessador o foi para o século 20.

Já usamos pitadas de IA em nosso dia a dia. Algoritmos nos ajudam com recomendações na Amazon e Netflix. Facebook reconhece nossos amigos nas fotos que compartilhamos. Google acelera a velocidade da pesquisa usando algoritmos que preveem o que você está buscando, ajudando a completar o texto do termo a ser pesquisado. O Waze nos ajuda a escolher os caminhos com menos trânsito. Os veículos parcialmente autônomos já são realidade e os verdadeiramente autônomos estarão aí em breve. Um exemplo são os primeiros táxis sem motorista rodando (experimentalmente) em Singapura, como podem ler em “World’s First Self-Driving Taxis Debut in Singapore”.

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O que isso significa? Que as empresas que querem se manter competitivas no século 21 não podem ignorar o tsunami da IA que já está chegando. Aqui no Brasil, ainda mal começamos a usar Big Data (ainda está nos planos futuros da imensa maioria das empresas), e imaginar colocar algoritmos e IA em seus serviços e produtos ainda parece ser um sonho distante para os executivos das nossas empresas. Mas elas precisam entregar experiências melhores aos seus clientes e tomar decisões mais acertadas. Para isso algoritmos são a base essencial. Sem algoritmos você não consegue antecipar as necessidades dos seus clientes e nem fazer recomendações adequadas, que melhorem sua experiência. Algoritmos de Machine Learning podem analisar bilhões de sinais e identificar probabilidades de determinado cliente comprar um produto específico ou direcionar qual atendente do call center será mais adequado para atender a uma específica demanda. Mesmo as lojas físicas que respondem por mais de 90% das compras no Brasil podem usar IA através de chatbots, para interagir com seus clientes à medida que eles caminham pelos corredores. Analisando seu histórico como clientes, preferências e outras informações, podem recomendar produtos nas gôndolas. Vale a penaestudar o potencial dos chatbots.

Em resumo, a experiência que eu percebo na Amazon não tem similaridade com as que percebo na maioria dos sites de varejo brasileiros. Os apps que usamos na maioria das empresas brasileiras, de qualquer setor, seja de bancos, seguradoras ou varejistas não proporcionam experiência personalizada. São, em sua maioria, interfaces desktops adaptados para as telas dos smartphones, com mudanças cosméticas.

Por que isso? Creio que existem várias razões. Uma delas, com certeza tem sido a crise econômica dos últimos anos. Mas também coloco na lista o desconhecimento por parte de CEOs e CIOs do potencial da IA, a falta de talentos disponíveis (data scientists) e a precariedade da formação de profissionais para trabalhar com algoritmos e IA por parte da maioria das universidades daqui.

Quanto ao potencial, IA terá imenso impacto nos negócios e na sociedade. Vai mudar negócios, acabar com outros e criar novos. Vai eliminar empregos, transformar outros e criar novos. Vivemos em mundo de mudanças exponenciais e embora o termo IA tenha aparecido pela primeira vez nos idos de 1956, a evolução exponencial dos últimos anos vem acelerando o processo de forma fantástica. Nosso pensamento linear nos impede de olhar o futuro exponencial com clareza. Se pensarmos exponencialmente, ao olhar os próximos dez anos devemos comparar o mundo como era não em 2006, mas como o era em 1956! Nem o mainframe IBM /360 existia!

O que recomendo? Estudar com mais atenção o impacto da IA nos negócios, na sociedade e na maneira como as empresas operam. Por exemplo, um artigo da MIT SLoan Management Review mostra a drástica transformação que está por vir nas funções dos gestores das empresas. Sim, a função exercida hoje pelos gerentes e diretores também sofrerá impacto significativo. Vale a pena ler o artigo “Using Artificial Intelligence to Humanize Management and Set Information Free”. Esse artigo, também do MIT SLoan, “Rise of the Strategy Machines” mostra que até o papel de criar estratégias poderá, em parte, ser efetuado com IA: “We may be ahead of smart machines in our ability to strategize right now, but we shouldn’t be complacent about our human dominance”…Na verdade, nós humanos não somos tão bons assim. Um estudo mostrou que a probabilidade de sucesso de acordos de M&A (Fusões e aquisições) efetuados por estrategistas é similar à de jogarmos cara ou coroa. E que 83% desses acordos falham em alcançar os objetivos definidos

As profissões e funções que efetuamos hoje serão transformadas. Recomendo a leitura do artigo “How do you get a job that doesn’t exist yet?” publicado pelo World Economic Forum. À medida que a tecnologia e a IA se entranham na nossa vida, novas funções serão criadas e a atuais substituídas ou alteradas. Fica a pergunta: como as empresas estão olhando esse futuro próximo?

Esse é o mundo que já começamos a trilhar. Os sinais de mudança aparecem aqui e ali, e talvez muitas empresas não prestam a devida atenção. Estamos em uma sociedade cada vez mais hiperconectada e digital. O mundo digital, a computação e os algoritmos de IA estarão tão inseridos no nosso dia a dia que talvez nem tenha mais sentido, no futuro, falar em indústria

de TI, pois todas as empresas de alguma forma serão de TI. O que é um Uber, Airbnb, Facebook, Alibaba, Amazon? Empresas de tecnologia ou de transporte, hospedagem, varejo? Pensem nisso!

 

(*) Cezar Taurion é CEO da Litteris Consulting, autor de seis livros sobre Open Source, Inovação, Cloud Computing e Big Data

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