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É isto que acontece ao cérebro quando dorme pouco

É isto que acontece ao cérebro quando dorme pouco

Quanto maior é a privação do sono, maior é a atividade das sinapses.

© iStock

A incapacidade de raciocinar devidamente e o cansaço mental que se sente ao longo do dia depois de uma, duas, três ou mais noites mal dormidas não são apenas um resultado do sono que se tem e que vai aumentado.

Diz um recente estudo da Universidade Politécnica de Marche, em Itália, que estas e outras consequências da privação do sono (como o cansaço físico, irritação e apetite desmedido) são causadas pelo simples facto de o cérebro se comer a si mesmo quando as horas de sono necessárias não são garantidas.

A investigação, publicada na revista Journal of Neuroscience, teve por base a análise do cérebro de ratos de laboratório, que foram divididos em quatro grupos conforme o tipo de sono que tinham: sono regular, acordar espontâneo, privação de sono e privação crônica de sono.

A análise cerebral teve como objetivo medir as sinapses e ainda o processo celular no córtex frontal, tendo sido os astrócitos o tipo de células mais analisado e aquele que se mostrou mais determinante neste processo ‘canibal’ do cérebro. Na prática, quanto menos forem as horas de sono, maior é a tendência para estas células começarem a ser ‘engolidas’ pelas sinapses (zonas do cérebro ativas e que se localizam entre uma terminação nervosa e outros neurônios).

Diz o estudo que foi possível verificar que quanto maior é a privação do sono, maior é a atividade das sinapses. O mesmo foi possível verificar no que diz respeito às microgliócitos… o que não é bom sinal.

“Nós mostrámos pela primeira vez que parte das sinapses estão literalmente a comer os astrócitos por causa da falta de sono, disse ao New Scientist um dos autores do estudo, o médico italiano Michele Bellesi.

Este processo mostrou ser mais intenso nos casos de privação de sono crônica (isto é, quando uma pessoa está mais do que cinco dias sem dormir), contudo, o próprio estudo diz que não se trata de uma consequência tão penosa para o cérebro como pode soar, até porque pode ser vista como um mecanismo de limpeza dos “detritos” mais velhos do cérebro.

Contudo, os cientistas italianos destacam que a privação do sono é verdadeiramente penosa para a saúde, especialmente para a saúde mental, uma vez que o aumento da atividade dos microgliócitos pode desencadear uma série de problemas cognitivos, sendo conhecida a sua ligação com o aparecimento de Alzheimer, por exemplo.

É isto que acontece ao cérebro quando dorme pouco

5 segredos da felicidade, segundo o ‘homem mais feliz do mundo’

Cientistas estudaram o cérebro do monge budista Matthieu Ricard para entender por que ele é tão feliz; ele dá à BBC sua visão do que pode ajudar a atingir esse estado de espírito.

O monge budista Matthieu Ricard é a “pessoa mais feliz do mundo”. (Assista ao vídeo)

Esse título foi dado por cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, que estudaram seu cérebro.

Eles descobriram que Ricard produz um nível de ondas cerebrais de gama sem precedentes na literatura científica.

Essas ondas estão ligadas à capacidade de atenção, consciência, aprendizado e memória.

Além disso, Ricard manifesta um nível de atividade no seu córtex pré-frontal esquerdo bem acima do direito, o que reduz sua propensão à negatividade, explicaram os pesquisadores.

“Felicidade não é a busca infinita por uma série de experiências prazerosas. Isso é uma receita para a exaustão”, diz o monge tibetano.

Mas qual é, na visão dele, o segredo para tanta felicidade? Aos 70 anos, Ricard dá cinco conselhos.

1. Defina o que é felicidade

“Felicidade é um jeito de ser. É um estado mental ótimo, excepcionalmente saudável, que dá a você os recursos para lidar com os altos e baixos da vida.”

2. Seja paciente

“Não seja como uma criança que faz pirraça. ‘Eu quero ser feliz agora’, isso não funciona. A fruta amadurece com paciência e vira uma fruta e uma geleia deliciosas. Você não pode fazer isso com uma fruta verde. Leva tempo cultivar todas aquelas qualidades humanas fundamentais que geram bem-estar.”

3. Saiba que você pode treinar sua mente

“O que você fizer vai mudar seu cérebro. Se você aprender malabarismo, a mergulhar ou a esquiar, seu cérebro vai mudar. Da mesma forma, se você treinar sua concentração, se você treinar para ter mais compaixão, se você treinar para ser mais altruísta, seu cérebro vai mudar, você será uma pessoa diferente. Todas essas habilidades podem ser aprendidas, assim como tocar piano ou jogar xadrez.”

4. Pratique pouco e com frequência

“É como quando você rega as plantas no seu apartamento. Você precisa regar um pouco todos os dias. Se você derramar um balde uma vez por mês, a planta vai morrer. É melhor fazer sessões curtas de meditação com frequência do que uma muito longa de tempos em tempos, porque o processo de neuro-plasticidade não será ativado ou mantido.”

por,

É isto que acontece ao cérebro quando dorme pouco

Sons da natureza relaxam ajustando cérebro e corpo

O ruído suave de um riacho ou o som do vento nas árvores podem mudar fisicamente nossa mente e nossos sistemas corporais, ajudando-nos a relaxar.

Curiosamente, a intensidade das alterações na atividade do sistema nervoso se mostrou dependente do estado basal de cada participante.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Sensações tranquilizadoras

O ruído suave de um riacho ou o som do vento nas árvores podem mudar fisicamente nossa mente e nossos sistemas corporais, ajudando-nos a relaxar.

Isto não é exatamente uma novidade, mas agora os cientistas estão se dedicando a descobrir como essas sensações tão sutis alteram nossa fisiologia.

“Todos estamos familiarizados com o sentimento de relaxamento e ‘desligamento’ que vem com uma caminhada no campo, e agora temos evidências do cérebro e do corpo que nos ajudam a entender esse efeito. Elas vieram de uma emocionante colaboração entre artistas e cientistas, que produziu resultados que podem ter um impacto no mundo real, particularmente para pessoas que estão enfrentando altos níveis de estresse,” conta a professora Cassandra Gould van Praag, da Universidade de Sussex (Reino Unido).

Focos da atenção

A equipe documentou como ouvir sons naturais afeta os sistemas corporais que controlam o mecanismo “luta ou fugir” do cérebro e as partes do sistema nervoso autônomo responsáveis pela digestão e pelo repouso.

Para isso, os participantes ouviam sons de ambientes naturais e artificiais enquanto sua atividade cerebral era medida em um aparelho de ressonância magnética e a atividade do sistema nervoso autônomo era monitorada através de pequenas mudanças na frequência cardíaca. Também foram realizados testes cognitivos paralelos.

Os resultados mostraram que a atividade na rede de modo padrão do cérebro (uma coleção de áreas que ficam ativas quando estamos descansando) era diferente dependendo dos sons tocando em segundo plano.

Ao ouvir sons naturais, a conectividade cerebral refletia um foco de atenção dirigido para fora; ao ouvir sons artificiais, a conectividade cerebral refletia um foco de atenção direcionado para dentro, semelhante aos estados observados na ansiedade, no transtorno de estresse pós-traumático e na depressão.

Houve também um aumento na atividade do sistema nervoso digestivo (associada ao relaxamento do corpo) ao ouvir sons naturais em comparação com sons artificiais, e melhor desempenho em uma tarefa de monitoramento externo da atenção.

Estado de base

Curiosamente, a intensidade das alterações na atividade do sistema nervoso se mostrou dependente do estado basal de cada participante: Indivíduos que apresentavam maior estresse antes do início do experimento mostraram maior relaxamento corporal ao ouvir sons naturais, enquanto aqueles que já estavam mais relaxados apresentaram um ligeiro aumento no estresse ao ouvir os sons naturais em comparação com os sons artificiais.

Os resultados foram publicados na revista Nature Scientific Reports.

por, Redação do Diário da Saúde

É isto que acontece ao cérebro quando dorme pouco

Por que lembramos de alguns sonhos, mas não conseguimos contar outros?

Sonhamos sempre, todos os dias; nem sempre, porém, lembramos de nossos sonhos

Sabe aquele sonho intenso que dá vontade de lembrar cada pedaço, mas então, quando você tenta contar para alguém durante o café da manhã, cadê as lembranças? O que acontece para que nossa memória não guarde os sonhos?

De acordo com neurocientistas, se as imagens oníricas foram embora assim, sem deixar lembrança alguma, talvez não tenham o impressionado de maneira significativa. Ou então, você não se esforçou o suficiente para mantê-las vivas em sua mente por mais tempo.

“A lembrança ou não desse sonho varia muito pelo impacto que esse sonho teve na gente”, afirma Magda Lahorgue, do InsCer (Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul).”Tem pessoas que lembram mais que outras. Mas não lembrar não significa que não tenha sonhado”, ressalta a neurocientista.

As pessoas costumam sonhar todas as noites, mas “poucas se lembram disso”, afirma Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Sonhos complexos? Depende do momento do sono

É preciso deixar claro, também, que ao longo da noite, temos diferentes estágios de sono e, consequentemente, tipos de sonho distintos.

Aqueles ocorridos no turno inicial do sono, na fase não-REM (rapid eye movement,ou “movimento rápido dos olhos”, em tradução livre) tendem da ser menos “complexos” do que aqueles ocasionados durante a fase REM, quando as ondas cerebrais se aceleram, alcançando uma atividade similar àquela que se passa quando estamos acordados.

“Nós podemos ter sonho todas as noites, em todas as fases do sono. Só que os sonhos que a gente tende a lembrar mais são os sonhos que acontecem na fase REM, que é a fase mais próxima ao amanhecer. São sonhos mais vívidos, são sonhos que têm um teor mais real”, explica Nunes.

São histórias complexas, muitas vezes repletas de cargas emocionais intensas, enquanto os sonhos da fase não-REM, são muito simples. “As imagens podem chegar a ser uma tela preta”, diz Ribeiro. “Acredita-se que sejam sonhos com conteúdo mais primitivo”, completa Nunes.

Além de serem menos intensos, estes sonhos da fase não-REM são menos “recordáveis”. “As coisas que acontecem no sono não-REM a gente não têm memória no dia seguinte. O sonambulismo, por exemplo, a gente não lembra no dia seguinte, porque acontece aí no não-REM”, compara Nunes.

Sendo assim, o momento em que despertamos –se durante o sono não-REM ou durante o sono REM– também é um fator determinante para a lembrança (ou não) de um sonho.

“Despertar do sono não-REM, sobretudo o sono de ondas lentas que se aprofunda ao longo da primeira metade da noite, costuma gerar relatos de sonho pobres ou mesmo ausentes”, explica Ribeiro.

O pesquisador recomenda uma técnica para fazer com que as lembranças do sonho permaneçam na memória do indivíduo em um período de tempo que vá além do café da manhã.

“Um exercício de auto-sugestão antes de dormir –‘vou sonhar, lembrar e relatar’– costuma ser bastante eficaz para gerar abundantes relatos de sonho, desde que a pessoa permaneça quieta na cama ao despertar, buscando apenas rememorar o sonho”, diz Ribeiro.

A noradrenalina: o fator extra

Esforçar-se para lembrar o sonho ao amanhecer pode ser uma maneira bastante efetiva de trazer à tona as lembranças oníricas da noite anterior. Mas há um neurotransmissor determinante para o “esquecimento” dos sonhos: a noradrenalina, que entre outras coisas, está ligada ao sistema de alerta do corpo humano.

“Os níveis de noradrenalina são quase nulos durante o sono REM, e esse neurotransmissor é crucial para prestarmos atenção em algo”, afirma Ribeiro. “Quando a pessoa acorda e sai da cama de repente, o influxo de noradrenalina do despertar funciona para reforçar as experiências da vigília e não as do sonho”.

Quando aquele sonho bom for embora, antes mesmo de escovarmos os dentes, então, já sabemos a quem culpar.

por, André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

É isto que acontece ao cérebro quando dorme pouco

O que os genes têm a ver com a nutrição

Professor explica como e por que a ciência estuda a interação entre o nosso DNA e os alimentos que comemos

Em 2001, foi publicado o primeiro rascunho do Projeto Genoma Humano e, dois anos depois, a sequência completa do genoma humano foi decifrada e divulgada. Tal fato possibilitou vislumbrar uma revolução na medicina, particularmente no diagnóstico e tratamento de doenças.

Mas será que essa descoberta também influenciou a ciência da nutrição?

Para responder a essa pergunta e compreender melhor a relação desse acontecimento com a nossa alimentação, começaremos abordando o papel do gene no organismo. O ser humano tem cerca de 25 mil genes. Abrigados nas células, eles contêm toda a informação necessária para a construção e a manutenção de um organismo vivo. Participam do processo que culmina na produção das proteínas, as quais, em última instância, são as responsáveis pelo controle de todo o nosso metabolismo.

Dentre as muitas substâncias que participam dessa história, podemos destacar o hormônio insulina, que tem papel fundamental no controle da concentração de glicose no sangue. Outra molécula importante é o GLUT-4, responsável por transportar a glicose recém-chegada no sangue para dentro da célula muscular e do tecido adiposo. Tanto a insulina quanto o GLUT-4 são proteínas cuja produção é regulada pelo estímulo exercido sobre os seus respectivos genes.

Nossos genes podem ser “ligados” ou “desligados” em resposta a sinais específicos, entre eles a presença de nutrientes e outros compostos fornecidos pelos alimentos. A partir dessa perspectiva, podemos vislumbrar que determinados alimentos ou padrões dietéticos são capazes de influenciar a forma com que o organismo controla a função de diferentes genes. Por conta disso, surgiu, no final do século 20, uma nova área da ciência da nutrição, a Genômica Nutricional. Hoje ela se encontra subdividida em três subáreas: Nutrigenômica, Nutrigenética e Epigenômica Nutricional.

Genes, alimentos e ciência

Para você melhor compreendê-las, iremos abordar três situações diferentes em que a Genômica Nutricional está presente. Começamos com a Nutrigenômica, que estuda o modo como nutrientes e compostos bioativos dos alimentos — o licopeno do tomate e a curcumina do açafrão-da-terra, por exemplo — influenciam a atividade dos nossos genes, aumentando ou reduzindo sua capacidade de promover a produção de proteínas.

Um exemplo clássico de Nutrigenômica é o papel da vitamina D, que se liga, dentro das nossas células, a uma proteína chamada fator de transcrição e passam, juntas, a influenciar a atividade de genes relacionados ao aproveitamento de um importante mineral, o cálcio. Nesse caso, temos uma ação da vitamina D no metabolismo ósseo.

Outro exemplo de Nutrigenômica vem à tona quando ingerimos certos alimentos no dia a dia, caso da castanha-do-pará (fonte do mineral selênio), o açafrão-da-terra (reduto de curcumina) e o chá-verde (que fornece epigalocatequina-3-galato). Compostos presentes nesses alimentos são capazes de ativar um fator de transcrição que provoca aumento da atividade de genes relacionados à capacidade antioxidante do nosso organismo. Por isso, sabemos que existem tanto alimentos que apresentam diretamente ação antioxidante, mas também aqueles que favorecem a produção pelo corpo de enzimas com ação antioxidante.

A segunda subárea de interesse que comentamos é a Nutrigenética. Ela estuda a influência da variabilidade genética entre os indivíduos em relação às necessidades nutricionais, ao estado de saúde e ao risco de desenvolver doenças. Dentre as variações estudadas em nosso DNA, destaca-se um tipo de alteração conhecido como polimorfismo de nucleotídeo único.

Um exemplo de Nutrigenética na prática tem a ver com a fenilcetonúria clássica — um erro inato do metabolismo que pode ser transmitido de uma geração para outra. A doença é causada por mutações no gene de uma enzima, a fenilalanina hidroxilase, responsável por processar o aminoácido fenilalanina (encontrado em diversas fontes de proteína na dieta). A base do tratamento é justamente a redução da ingestão do aminoácido fenilalanina.

A Nutrigenética também se aplica à já citada vitamina D. Esse nutriente atua em nossas células se ligando a uma proteína denominada receptor de vitamina D. Pois um polimorfismo (uma alteração, portanto) no gene relacionado à produção do tal receptor pode influenciar a função da vitamina D no corpo, mesmo que a pessoa tenha uma ingestão adequada desse nutriente.

Embora existam alterações específicas e pontuais, sabemos, por outro lado, que condições crônicas como obesidade, câncer, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares são multifatoriais e ligadas a diversos genes. Vale lembrar, porém, que, em se tratando de problemas como esses, um único polimorfismo de nucleotídeo não implica obrigatoriamente maior risco de desenvolvimento da doença. Isso porque fatores ambientais como tabagismo, alimentação e atividade física podem influenciar a expressão dos nossos genes e suas repercussões à saúde.

Por fim, chegamos à Epigenômica Nutricional, voltada, entre outras coisas, ao estudo de um processo chamado metilação do DNA. Para ficar mais fácil entender, daremos o exemplo do folato, presente no feijão, espinafre, couve e brócolis. O nutriente participa desse processo de metilação — em química, falamos da adição de radicais “metil” — do DNA, o que serve para controlar a expressão de certos genes. A baixa ingestão de folato está associada a uma redução global na metilação do DNA, situação que pode elevar o risco de câncer.

Como podemos ver, a Genômica Nutricional contribui muito para ampliar a nossa visão do impacto da alimentação na saúde, além de ajudar no tratamento dietético para diferentes condições clínicas.

Por, Dr. Marcelo Macedo Rogero*

In, saude.abril.com.br

* Dr. Marcelo Macedo Rogero é professor do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, coordenador do Laboratório de Genômica Nutricional e Inflamação (GENUIM) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN)

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