Robô detecta emoção
Pesquisadores espanhóis e portugueses desenvolveram um protótipo de robô capaz de detectar o estado emocional das pessoas com as quais interage, o que enriquece seu conhecimento e melhora sua capacidade de interação com os humanos. “Se o robô tem como objetivo manter um grupo de crianças entretido, a partir do estado emocional do grupo ele pode decidir agir de forma específica sobre aqueles jovens que emocionalmente se encontram mais afastados do grupo e, dessa forma, tentar homogeneizar o estado emocional do conjunto”, explicou Vicente Julián, do Grupo de Tecnologia em Informática e Inteligência Artificial da Universidade Politécnica de Valência, no leste da Espanha. Esse trabalho faz parte de um projeto internacional sobre a interação dos robôs com humanos, no qual a equipe focou na identificação de emoções e em sua interpretação por sistemas informáticos. “O resultado da monitorização de emoções é utilizado de maneira inovadora, com a qual se pretende identificar um ou vários estados emocionais de um grupo de pessoas e como esses estados se propagam ao longo do tempo. O robô interpreta alterações emocionais e as utilizam para tomar decisões”, explicou Julián. Os resultados do projeto podem ser aplicados no campo da robótica dedicada a meios assistenciais, comerciais ou à educação. O estudo também tem a participação de especialistas da Universidade do Minho de Portugal.
Trocado por uma máquina
Não é ficção. Muito menos futurologia. A robotização e a inteligência artificial são uma realidade e só tendem a evoluir. E não é questão de escolha. No entanto, pensando nas relações humanas diante das máquinas, como se darão? Para Edson Moraes, coaching, consultor de empresas, jornalista e administrador de formação, que atuou anos na área de tecnologia como programador e decidiu dar uma reviravolta na carreira para trabalhar com pessoas, a questão da robotização dos processos tem de ser abordada por duas vertentes: primeiro, porque os processos estão definidos e, segundo, tem a ver com aspectos de qualidade de dados que já passam para o robô experiência que gera e faz a robotização ficar melhor. Não tem volta. Até porque, “no geral, para a robotização ser efetiva é passar inteligência para a máquina e conseguir que ela seja multiplicada e aplicada de várias formas. Hoje, falamos com o Siri (assistente pessoal) no computador. Portanto, tudo é questão de tempo. E o Siri terá ainda mais qualidade em função da informação.”
No entanto, para Edson Moraes, o ponto nevrálgico de toda a questão da inteligência artificial está em ensinar o computador a pensar. “Você gera um computador com muita inteligência, mas não consegue transmitir nossa característica humana. Ele é inteligente, mas não tem sabedoria. Por mais que o computador se exercite, ele não trabalha o qualitativo, só o quantitativo. Numa ação jurídica, ele pode ser preciso na peça do processo, mas jamais terá a postura do juiz, que avaliará até a postura corporal de um investigado, os aspectos comportamentais. Sabedoria não é inteligência e informação, mas também compaixão. É você se colocar no lugar do outro, olhar a vida sob a perspectiva do outro”, afirma.
Para Edson Moraes, robô pode até ser divertido. “A inteligência artificial se baseia na rede neural, na correlação de dados baseado em modelo matemático. Tudo bem passar capacidade de processamento para o computador. A inteligência artificial e a robotização são úteis para inúmeras coisas, mas certamente vão gerar um problema social para quem não estiver preparado para enfrentá-los. E não só academicamente. Atividades profissionais rotineiras vão desaparecer, como motorista e garçom. O que pode criar um abismo de classe ainda maior do que temos, o que provoca uma discussão ética.”
Um exemplo, conta Edson Moraes, foi a pesquisa encomendada pelo governo britânico para o grupo Fast Future: The shape of jobs to come (A forma dos trabalhos que virão, em tradução livre). O intuito era descobrir as profissões que mais se destacariam nas próximas duas décadas. Entre elas estavam: consultor de bem-estar para idosos; agricultor vertical; nanomédico e especialista em reversão de mudanças climáticas. Vale destacar que outras pesquisas apontaram duas novas ocupações que muitos nem sequer imaginariam: terapeuta de final de vida e conselheiro de robô. Também no Reino Unido, pesquisadores da Universidade Oxford responderam à questão ao contrário, ou seja, quais empregos estavam com seus dias contados. O estudo analisou 702 ocupações e fez a estimativa das chances de essas funções serem automatizadas nos próximos 20 anos. Segundo eles, a profissão que mais corre riscos de ser extinta (99%) é a de operador de telemarketing. Enquanto isso, a pesquisa mostrou que a tarefa que um robô jamais faria bem é a do assistente social na área de drogas e saúde mental.
CHINA
Enquanto isso, na China, por exemplo, já há fábricas que trocaram 90% de seu quadro de funcionários por robôs. Na lista das funções que desaparecerão estão também: preparador de Imposto de Renda, reparador de relógios, corretor de seguros, agente de crédito, árbitro, trabalhadores rurais, operador de caixa, corretor de imóveis, digitador de dados, cartógrafo, arquivista, bibliotecário, estatístico, escrivão, garçom, taxista, carteiro, costureira, recepcionista, cozinheiro de fast food e vendedores porta a porta, entre outras.
Portanto, é fundamental que passemos a pensar o que poderá ocorrer quando robôs passarem a conviver mais intimamente com humanos. “Saí da área da tecnologia porque prefiro lidar com gente e não com máquina, já que ela não tem essa relação de entender o outro, não tem todos os sentidos. No entanto, não acredito em afirmações tão fortes de homem versus máquina. Existe espaço para os dois. Não é um discurso maniqueísta, a tecnologia é para soma. Um idoso pode ter um robô que o auxilie no dia a dia para lembrar tarefas como tomar o remédio na hora certa, o que não substituirá o cuidador de idoso. Não é lutar contra, mas saber usar. É outra forma de existência e tem espaço para ambos. É como teatro e cinema, vídeo e cinema, rádio e TV, livro on-line e de papel…”