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23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

Algumas regras de etiqueta até podem parecer exageradas, mas devemos admitir que outras são essenciais à mesa.

Afinal, quem não quer estar ao lado de pessoas educadas e de modos agradáveis?

Além disso, eventos formais exigem o máximo de elegância e um pouco de conhecimento para não fazer feio em meio a tantos talheres e taças.

Neste post, porém, iremos focar apenas nas boas maneiras.

Separemos 24 dicas que você deve seguir:

1. Mastigue de boca fechada:

Esta é uma dica que deve ser seguida em todas as situações.

Na verdade, ela nem precisava ser lembrada, mas ainda há quem mastigue de boca aberta e fale enquanto está mastigando.

2. Não coloque os cotovelos sobre a mesa

A maioria das pessoas não se importam mais com essa regra.

No entanto, procure evitar colocar os cotovelos sobre a mesa, para não ocupar o espaço de quem está ao seu lado nem passar uma imagem de desleixo.
3. Coloque o guardanapo de tecido no colo

A primeira coisa a ser feita é desdobrar o guardanapo.

Se ele for muito grande, dobre ao meio.

Se for pequeno, deixe-o todo aberto.

Feito isso, coloque o guardanapo no colo e use, mantendo os lábios secos e limpos.

4. Use adequadamente os talheres

Use o garfo na mão esquerda e a faca na mão direita do início ao fim.

Segure os talheres com os dedos e não com a palma da mão fechada – isso dá a impressão de que você está com medo de que a comida fuja do prato.

Corte o alimento à medida que for comendo e não previamente.

Quando não estiver usando a faca, apoie-a sobre a borda superior do prato, deixando-a levemente inclinada para baixo e a parte do fio/serra dentro do prato.

Não segure o garfo o tempo todo.

Você pode soltar quando for usar o guardanapo ou até quando estiver mastigando.

Se você já começou a comer, não permita que os talheres fiquem sobre a mesa outra vez.

Por fim, quando acabar a refeição, posicione os talheres um ao lado do outro, com o garfo à esquerda e a faca (com a serra voltada para dentro) à direita.
Os cabos dos talheres devem estar voltados para você ou levemente para a direita.

5. Mantenha a postura:

A pessoa quando fica sentada por muito tempo, tende a se cansar e, com isso, acaba curvando o corpo.

Se você perceber isso, endireite-se discretamente.

6. Dê garfadas pequenas:

Não é só questão de beleza, mas é uma regra estratégica.

Se você der pequenas garfadas, poderá engolir o alimento mais rápido e terá tempo para conversar.

É muito feito falar com a boa cheia.

7. Sirva-se aos poucos

Nunca encha o prato de maneira que ele transborde.

Coloque a comida em quantidade modera e, se continuar com fome, repita.

8. Pense nos outros que estão à mesa, antes de se servir

Olhe bem para o que tem na mesa e calcule mentalmente quantas porções é possível servir para cada pessoa.

Se tiver, por exemplo, dez pedaços de carne e oito pessoas para comer, então se sirva apenas com um pedaço.

Faça isso sempre para não errar.

9. Mastigue devagar

Mastigue muitas vezes e sem pressa.

10. Jamais gesticule com os talheres na mão

Se estiver falando, deixe os talheres no prato e não faça movimentos bruscos sobre à mesa.

11. Espere o anfitrião se servir

É muito mais cortês, até porque nunca se sabe se ele deseja fazer algum discurso ou oração antes das pessoas se servirem.

No entanto, se ele pedir para você se sirva primeiro, tenha a honra.

12. Leve o alimento à boca e não o contrário

Há quem incline o corpo todo para alcançar o talher, isso não deve acontecer.

13. Não corte a massa

Se é você quem vai fazer o macarrão, cozinhe-o por inteiro.

E, na hora de comer, jamais corte a massa.

Algumas pessoas colocam uma colher para ajudar a juntar o alimento ao garfo, outras acham deselegante.

Por via das dúvidas, coma apenas com o garfo, enrolando o macarrão.

É bem simples!

14. Dobre a alface e outras folhas

É fácil fazer umas trouxinhas com as folhas e levá-las à boca delicadamente.

15. Não pegue carnes com ossos (costela, frango, cordeiro) com as mãos

Apesar de ser mais prático e saboroso, em público é melhor evitar.

16. Tire o caroço de azeitona da boca discretamente com a ponta do garfo:

Feito isso, leve o caroço para a beira do prato e jamais o coloque sobre a mesa.

Na verdade, nenhum resto de comida deve ficar na mesa.

17. Evite barulho

Algumas pessoas fazem barulho ao tomar sopa, água ou qualquer outro líquido.

Outras, acabam raspando o talher no prato, o que resulta num ruído horrível.

Outros barulhos como assoar o nariz e arrotar também deve ser definitivamente proibidos na mesa.

18. Retire-se da mesa somente depois que todos tiverem concluídos

O que acontece é que tem gente que termina de comer e já quer sair da mesa – isso não é muito educado.

Alguns anfitriões preferem conversar por mais tempo.

19. Ao se levantar, coloque o guardanapo ao lado do prato

Mas não é preciso dobrá-lo.

20. Evite o uso de palitos de dentes

Mas, se for necessário, cubra com uma das mãos.

21. Se tiver pão para acompanhar a sopa, parta-o e coma com a mão

22. Não erga o prato para tomar até a última gota de sopa

Definitivamente isso causa má impressão.

23. Se estiver num restaurante, não grite para chamar o garçom

Procure fazer um contato visual com o garçom e, em seguida, gesticular sem muito alarde.

Se você seguir todas essas dicas, com certeza não terá problema aonde quer que você vá.

23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

Diz-me o que lês… dir-te-ei do que sofres

Páginas anti-inflamatórias, parágrafos analgésicos e histórias que são verdadeiras doses de vitaminas. A biblioterapia, dizem, pode curar estados 
de alma através dos benefícios da leitura e não tem contraindicações. Falámos com Ella Berthoud, co-autora de Remédios Literários, para perceber afinal do que trata esta terapia dos tempos da Grécia Antiga

Para Ella Berthoud, a biblioterapia “é a arte de prescrever a ficção para as doenças da vida”. Dito assim pode parecer simples, mas até receitar um livro para tratar um qualquer estado de alma, a biblioterapeuta e pintora inglesa precisa de entrar no nosso cérebro, tal como o leitor faz com o autor e as personagens de um livro. Ella Berthoud precisa saber os hábitos de leitura das pessoas, os amores e desgostos, as mudanças que estão a acontecer na vida, desde bebés a caminho, mudanças de emprego ou de casa, novo relacionamento ou uma crise existencial.

No livro Remédios Literários, escrito a meias, em 2014, com Susan Elderkin, as autoras recomendam livros de A a Z, para problemas desde “abandono” a uma “zanga com o melhor amigo”. São mais de 750 referências para tratar uma série de problemas: ressonar, baixar a tensão arterial, combater pesadelos, superar um divórcio. Em 2016, publicaram The Story Cure, dirigido a pais em apuros, frisando que os bons livros para a infância servem tanto para adultos como para crianças.

Ella e Susan conheceram-se quando ambas eram estudantes de literatura inglesa na Universidade de Cambridge. Sempre que partilhavam um problema, recomendavam livros uma à outra para superar a situação. Para as autoras inglesas que, no ano passado, estiveram em Portugal, no Festival Literário Internacional de Óbidos, onde começaram as leituras massajadas, ler o livro certo no momento certo pode mudar a vida das pessoas.

A biblioterapia afinal é muito antiga, nasceu mesmo no tempo de Platão?

Há evidências de que na Grécia Antiga usavam a biblioterapia como uma forma de lidar com as doenças. Nessa altura, as bibliotecas e os teatros eram construídos perto dos hospitais. Os gregos perceberam a necessidade da catarse como uma forma de purgar fortes emoções que poderiam ser prejudiciais. Se experimentassem emoções fortes ao ver uma peça de teatro ou ao ler um livro, não teriam de passar por elas na vida real, mas seriam curados experimentando-as de forma ficcional.

Existem vários tipos de biblioterapeutas ou apenas um?

Nós [com Susan Elderkin] praticamos uma biblioterapia muito particular, aquela que usa a ficção como cura das doenças da vida. Há alguns biblioterapeutas que usam muito mais obras de não-ficção nas suas prescrições, escolhem livros de auto-ajuda e literatura não-ficcional. Nós somos as únicas biblioterapeutas que, quase em exclusivo, só usamos romances nas nossas curas. Também fizemos o nosso próprio questionário para descobrir o que torna o cliente em determinado tipo de leitor. Temos vindo a aperfeiçoar o questionário durante muitos anos, para obter as perguntas certas. Os clientes gostam, realmente, de preencher o questionário, como um preliminar para a nossa reunião.

Como se distingue a biblioterapia dos livros de auto-ajuda?

Quando conhecemos os clientes, descobrimos muito sobre o tipo de pessoa que são, bem como o tipo de leitor. Percebemos que livros amam e odeiam e se preferem mais literatura baseada em história ou em outra linguagem. Por isso, os livros que recomendamos para ler são uma prescrição à medida da leitura perfeita para cada um deles. Os livros de auto-ajuda são escritos para que todos possam ler o mesmo, e são muito menos subtis do que a ficção. Quando se lê ficção entra-se na cabeça do autor e das personagens e isso transforma o seu mundo interior de uma maneira muito diferente da dos livros de auto-ajuda. Com a auto-ajuda, o autor fala para a mente consciente do leitor; com a ficção, o escritor vai direto para o inconsciente. Isso torna o efeito da biblioterapia muito mais duradouro e profundo.

Há um género literário certo para cada tipo de doença ou estado de alma?

Não é tanto o género certo, mas uma coleção de obras. Por exemplo, para a depressão temos um conjunto de romances que revelam os sentimentos da pessoa deprimida, mostrando-lhes que não estão sozinhos, enquanto outros romances vão ajudar a sentir-se mais positivo. Para o luto, temos romances que levam o leitor pela mão e mostram-lhes como sobreviver a esse momento trágico na sua vida. Para cada problema temos uma obra única, mas isso também depende do leitor e do tipo de livros que gosta ler.

Recomendam os grandes clássicos da literatura mundial?

Preferimos a ficção à não ficção, mas também escolhemos memórias, biografias e poesia. Tendemos a não recomendar demasiados best-sellers globais, por acharmos que os leitores os vão descobrir por si próprios. Estamos aqui para surpreender o leitor com livros com os quais nunca se cruzariam. É por isso que não podemos parar de ler!

O cérebro humano reage de acordo com o que lê? Como é que funciona?

Estudos científicos já demonstraram que o cérebro responde ao que lê disparando as mesmas vias neuronais quer na leitura, quer na própria atividade. Ao ler sobre ir fazer uma corrida de dez quilómetros o seu cérebro cria o mesmo tipo de efeito como se realmente tivesse corrido. Naturalmente, sem trabalhar os músculos.

O processamento da leitura no cérebro é muito complexo, mas assim que uma pessoa aprende a ler, o cérebro transforma as letras em imagens, emoções, cores e sensações com uma agilidade notável. É um processo que pode demorar algum tempo, eventualmente, e o leitor nem se apercebe que a linguagem escrita passa a imagens e sentimentos. Claro, que nem toda a gente lê da mesma forma – alguns leitores são muito mais visuais, outros mais auditivos, e na verdade conseguem ‘ouvir’ as palavras dentro da sua cabeça. Alguns preferem novelas gráficas ou um áudio-livro. A leitura não é de modo algum a mesma para todos.

É verdade que os hospitais, em Londres, já usam esta terapia?

Em Cirurgia Geral, os médicos podem prescrever livros, uma vez que existe uma lista de obras para ‘levantar o ânimo’, em condições específicas e menos graves, como por exemplo, uma depressão leve ou como adjuvante da medicina tradicional. A biblioterapia não é usada em hospitais, exceto como tratamento paliativo. Existe uma organização, chamada The Reader Organisation, que anda pelos hospícios, hospitais e lares de idosos a ler às pessoas. Esta é uma maneira muito prática de praticar biblioterapia.

23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

Cinco alimentos que devemos começar a consumir diariamente

A oferta de industrializados e multiprocessados é gigante. Eles estão por todas as partes e seu consumo excessivo e diário pode ser muito prejudicial à saúde. Nós até já elencamos os “cinco alimentos que deveríamos parar de consumir agora mesmo”. Mas o levantamento agora é: o que a gente deve começar a consumir neste instante?

A lista com alimentos ricos e seus benefícios à saúde é gigante. A tarefa de eleger apenas alguns e detalhar seus benefícios não foi fácil. Nós contamos com a ajuda da nutricionista Dani Caparros. “Muitas vezes, nós caímos na monotonia e consumimos o mesmo alimento repetidas vezes, quando poderíamos acrescentar variedades e alimentos interessantes à nossa saúde”, explica Caparros, que é pós-graduada em Nutrição Esportiva pela UGF-SP e especialista em fitoterapia. Importante: as dicas não são apenas para quem quer perder peso e está de dieta.

Gengibre

Além de possuir vitaminas e minerais, o gengibre é riquíssimo em gingerol. Essa substância dentre outros benefícios à nossa saúde tem uma ação anti-inflamatória e antioxidante poderosa.

Créditos: Veganbaking.net / VisualHunt / Divulgação

“O consumo da raiz pode ser de grande ajuda para pessoas que sentem náuseas, sem contar no seu efeito termogênico para quem busca redução ou manutenção de peso”, explica Dani Caparros.
O gengibre pode ser incluído diariamente sob a forma de chá, na água, como tempero ou mesmo no preparo de pratos.

Abacate

Devido quantidade expressiva de gorduras (boas), alguns acham erradamente que o abacate é vilão em qualquer dieta, mas a verdade é que a fruta deve ser incluída no cardápio de todos.

Créditos: Prestonbot / VisualHunt / Divulgação

“Ele é riquíssimo em vitaminas e minerais. Excelente fonte de gorduras monoinsaturadas do tipo ômega 9, a fruta auxilia na saúde cardiovascular. Possui também grande quantidade de vitamina E, outra grande aliada quando se trata de coração. Possui em sua composição, um composto chamado do beta sitosterol, composto esse que auxilia na redução do LDL colesterol (colesterol ruim)”, detalha a nutricionista.
A fruta pode ser usada em pratos doces ou salgados. Um prato muito conhecido é guacamole, mas a fruta pode (e deve) ser consumida in natura ou na vitamina

Frutas vermelhas

Além de saborosíssimas, as frutas vermelhas são ricas em vitamina C (antioxidante) e flavonóides (antocianinas). O consumo delas ajuda no combate de radicais livres, o que retarda o envelhecimento do organismo como um todo. Elas são aliadas na luta por uma pele melhor, por exemplo.

Créditos: Washington Costa / VisualHunt / Divulgação

As antocianinas presentes nas frutas também possuem função anti-inflamatória. Geralmente, quanto mais escura, maior a sua concentração de flavonoides e seu efeito antioxidante.
Experimente incluir diariamente ao menos uma porção de cereja, framboesa, amora, uva, mirtilo, morango ou açaí (sem xarope de guaraná).

Oleaginosas

As pesquisas mostram que o consumo das oleaginosas está associado à redução de doenças cardiovasculares. Elas são também grandes aliadas na manutenção dos níveis adequados de colesterol.

Créditos: Maria Re / / VisualHunt / Divulgação

As castanhas (ou oleaginosas) são fontes de gorduras monoinsaturadas. Suas variedades são: avelãs, amêndoas, castanha do Brasil, castanha de caju, castanha do barú, noz, pistache, dentre outras.
Atenção para as dietas com restrição de calorias diárias. Neste caso, o consumo excessivo pode ser prejudicial. Ao mesmo tempo que são saudáveis, são também muito calóricas.

Açafrão-da-terra

De aspecto parecido com um gengibre – também conhecido como gengibre amarelo – o açafrão também é uma raíz. Ele é rico em cúrcumina, um fitoquímico conhecido por ser um potentíssimo anti-inflamatório. Tem ainda ação antioxidante.

Créditos: firesika / VisualHunt / Divulgação

Pesquisas apontam a relação do seu consumo a benefícios em tratamentos contra artrite e doenças de pele, além de ter poder bactericida. Acrescente como tempero no preparo de pratos.

Água

Sem sombra de dúvida é o líquido de maior importância e o mais esquecido por todos. Sendo o nosso organismo composto em sua maior parte por água, é natural que o consumo dela seja diário.

Créditos: VisualHunt / Divulgação

“A água auxilia no aspecto geral da pele, na função intestinal e em diversas outras funções e reações químicas que acontecem no organismo todos os dias, ou seja, ela sim deveria ser a “bambambam” de todos os momentos. Não o chá verde, o chá de hibisco…”, explica a nutricionista esportiva.
O consumo deve ser individualizado e no geral pode variar de 30 a 35 ml água a cada quilo de peso por dia. Uma dica para variar a bebida é colocar hortelã, gengibre ou gotas de limão.

Leandro Bastos

Por Leandro Bastos

23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

Cinco alimentos que deveríamos parar de consumir agora mesmo

Eles estão na mesa, na geladeira e no armário da maioria das casas. Alguns parecem inofensivos. Outros, a gente até já escutou algo sobre danos à saúde, mas preferimos ignorar e seguir consumindo “com moderação”. O fato é que ingerimos determinados alimentos diariamente podem ser extremamente perigosos.

Baseados em um vídeo da nutricionista esportiva do canal no Youtube Priscila DiCiero Oficial, resolvemos destacar cinco alimentos que não deveríamos consumir. Importante: as dicas não são apenas para quem quer perder peso e está de dieta.

Refrigerante

Além dos corantes, acidulantes e uma série de outras substâncias que a gente tem dificuldades para pronunciar o nome, o refrigerante é uma “bomba” de açúcar. Para se ter ideia, 200ml da bebida, um copinho, tem em torno de 6 a 7 colheres de chá de açúcar.

Então, você consome refrigerante zero, diet ou light e pensa: “agora, está tudo bem”. Bom, a história não é bem essa. Para se chegar ao paladar doce, é adicionado uma série de adoçantes artificiais que já são questionados sobre sua segurança no consumo humano. A bebida também contém ácido fosfórico que age diretamente na saúde dos nossos ossos e dentes. “A substância faz com que a gente perca cálcio, e isso pode afetar o crescimento e o desenvolvimento”, destaca Priscila Di Ciero.

Outro aspecto que deve ser levado em consideração aqui é que a bebida eleva os níveis de PH do nosso corpo. “Estudos apontam que doenças como o câncer, por exemplo, gostam de agir em níveis mais altos de PH”, afirma a nutricionista Ana Paula Martins em vídeo com Di Ciero.

Salsicha

Segundo um artigo divulgado pela ‘British Medical Journal’, uma das mais influentes e conceituadas publicações sobre medicina no mundo, a cada salsicha ingerida a pessoa perde 15 minutos de vida. O texto esclarece que o consumo excessivo deste embutido aumenta o risco de desenvolvimento de câncer, principalmente o colorretal.

Já reparam como a água fica alaranjada depois de cozinhar algumas salsichas? Aquilo é um pouco dos resíduos dos corantes que são adicionados à carne. Tudo para que ela tenha um aspecto mais avermelhado. Os corantes têm levantado polêmicas por causa da propensão a causar hiperatividade e falta de atenção em algumas crianças. Nos Estados Unidos, o Centro de Ciência no Interesse Público entrou com uma ação coletiva, solicitando ao governo que os corantes artificiais fossem banidos. “O único propósito dos corantes é vender mais junk food”, afirmou Marion Nestle, professora de nutrição, estudos alimentares e saúde pública, na Universidade de Nova York.

Gelatina de caixinha

A vilã com cara de boazinha. Muita gente acredita que a gelatina é útil para fortalecer pele, unhas e cabelos, graças ao colágeno presente em sua fórmula. Porém, a versão que encontramos nos supermercados, na verdade, possui muito açúcar, corantes, e uma infinidade de substâncias químicas.

Os níveis da proteína dos tendões, pele e ossos de origem animal encontrados nas gelatinas industrializadas são muito baixos. Cerca de 120 gramas do produto apresentam apenas de 0,76 a 2 gramas de colágeno. Os especialistas dizem que para se ter algum benefício é preciso consumir entre 8 a 10 gramas.

Molhos industrializados

Então, você consome salada e acha que está sendo saudável. Nem sempre é o caso. Muitos dos molhos industrializados que são vendidos como ligth, com ervas e leves são vilãos ocultos na alimentação.

Muitos são ricos em gordura, açúcar, acidulantes e o glutamato monossódico. Este último traz várias alterações para o organismo, como fadiga, cansaço, alteração de humor, alteração da memória e concentração, alergias. Ele também modifica as papilas gustativas, fazendo com que a pessoa fique mais viciada ainda neste tipo de sabor.

Margarina

A margarina surgiu como uma alternativa à manteiga, que era tida como vilã há alguns anos. O produto é produzido com óleos vegetais em um processo de hidrogenação para manter aquela consistência sólida. Em resumo, o hidrogênio faz com que o óleo vegetal fique “firme” e cremoso. Segundo a Priscila Di Ciero, gordura vegetal hidrogenada é sinônimo de gordura trans. “Ela aumenta o colesterol ruim, diminui o bom. Prejudica toda parede das artérias. Aumenta o risco de desenvolver endometriose…”, afirma.

Por Leandro Bastos

23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

Os hormônios da felicidade: como desencadear efeitos da endorfina, oxitocina, dopamina e serotonina

Dançar aumenta a endorfina no corpo, que gera sensação de felicidade

Ao longo dos séculos, artistas e pensadores se dedicaram a definir e representar a felicidade. Nas últimas décadas, porém, grupos menos românticos se juntaram a essa difícil tarefa: endocrinologistas e neurocientistas.

O objetivo é estudar a felicidade como um processo biológico para encontrar o que desencadeia esse sentimento sob o ponto de vista físico.

Ou seja, eles não se importam se as pessoas são mais felizes por amor ou dinheiro, mas o que acontece no corpo quando a alegria efetivamente dispara, e como “forçar” esse sentimento.

Neste sentido, há quatro substâncias químicas naturais em nossos corpos geralmente definidas como o “quarteto da felicidade”: endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina.

A pesquisadora Loretta Breuning, autora do livro Habits of a happy brain (“Hábitos de um cérebro feliz”, em tradução livre), explica que “quando o seu cérebro emite uma dessas químicas, você se sente bem”.

“Seria bom que surgissem o tempo todo, mas não funcionam assim”, diz a professora da Universidade Estadual da Califórnia (EUA).

“Cada substância da felicidade tem um trabalho especial para fazer e se apaga assim que o trabalho é feito.”

Conheça a seguir maneiras simples para ativar essas quatro substâncias químicas da felicidade, sem drogas ou substâncias nocivas.

1. Endorfinas

As endorfinas são consideradas a morfina do corpo, uma espécie de analgésico natural.

Descoberta há 40 anos, as endorfinas são uma “breve euforia que mascara a dor física”, classifica Breuning.

Comer alimentos picantes é uma das maneiras de liberar enddorfina

Por isso, comer alimentos picantes é uma das maneiras de liberar esses opiáceos naturais, o que induz uma sensação de felicidade. Mas essa não é a única maneira de obter uma “injeção” de endorfina.

De acordo com estudo publicado no ano passado por pesquisadores da Universidade de Oxford (Inglaterra), assistir a filmes tristes também eleva os níveis da substância.

Uma das maneiras de liberar endorfina é assistir a filmes tristes

“Aqueles que tiveram maior resposta emocional também registraram maior aumento na resistência a dores e sentimento de unidade em grupo”, disse à BBC Robin Dunbar, professor de Psicologia Evolutiva e autor do estudo.

Dançar, cantar e trabalhar em equipe também são atividades que melhoram, por meio de um aumento nas endorfinas, a união social e tolerância à dor, afirma Dunbar.

2. Serotonina

Como a serotonina flui quando você se sente importante, o sentimento de solidão e até mesmo a depressão são respostas químicas à sua ausência.

“Nas últimas quatro décadas, a questão de como manipular o sistema serotoninérgico com drogas tem sido uma importante área de pesquisa em biologia psiquiátrica e esses estudos têm levado a avanços no tratamento da depressão”, escreveu em 2007 Simon Young, editor-chefe na revista Psiquiatria e Neurociência.

Exercícios físicos ajudam a liberar serotonina

Dez anos mais tarde, a depressão se situa como a principal causa principal de invalidez em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Trata-se de transtorno mental que afeta mais de 300 milhões de pessoas.

A estratégia mais simples para elevar o nível de serotonina é recordar momentos felizes, diz Alex Korb, neurocientista do site Psicologia Hoje.

Um sintoma da depressão é esquecer situações felizes. Por isso, acrescenta Korb, olhar fotos antigas ou conversar com um amigo pode ajudar a refrescar a memória.

O neurocientista descreve três outras maneiras: tomar sol, receber massagens e praticar exercícios aeróbicos, como corrida e ciclismo.

3. Dopamina

A dopamina é costuma ser descrita como responsável por sentimentos como amor e luxúria, mas também já foi tachada de ser viciante. Daí sua descrição como “mediadora do prazer”.

“Baixos níveis de dopamina fazem que pessoas e outros animais sejam menos propensos a trabalhar para um propósito”, afirmou John Salamone, professor de Psicologia na Universidade de Connecticut (EUA), em estudo sobre efeitos da dopamina no cérebro publicado em 2012 na revista Neuron.

Por isso, acrescentou o pesquisador, a dopamina “tem mais a ver com motivação e relação custo-benefício do que com o próprio prazer.”

Dar os primeiros passos de um objetivo e depois alcançá-lo aumenta os níveis de dopamina

O certo é que essa substância química é acionada quando se dá o primeiro passo rumo a um objetivo e também quando a meta é cumprida.

Além disso, pode ser gerada por um fato da vida cotidiana (por exemplo, encontrar uma vaga livre para estacionar o carro) ou algo mais excepcional (como receber uma promoção no trabalho).

A melhor maneira de elevar a dopamina, portanto, é definir metas de curto prazo ou dividir objetivos de longo prazo em metas mais rápidas. E celebrar quando atingi-las.

4. Oxitocina

Por ser relacionada com o desenvolvimento de comportamentos e vícios maternos, a oxitocina é muitas vezes apelidada de “hormônio dos vínculos emocionais” e “hormônio do abraço”.

Segundo estudo publicado em 2011 pelo ginecologista e obstetra indiano Navneet Magon, “a ligação social é essencial para a sobrevivência da espécie (humanos e alguns animais), uma vez que favorece a reprodução, proteção contra predadores e mudanças ambientais, além de promover o desenvolvimento do cérebro.”

“A exclusão do grupo produz transtornos físicos e mentais no indivíduo, e, eventualmente, leva à morte”, acrescenta.

Um simples abraço pode elevar os níveis de oxitocina no corpo

Por isso, o obstetra considera que a oxitocina tem uma “posição de liderança” nesse “quarteto da felicidade”: “É um composto cerebral importante na construção da confiança, que é necessária para desenvolver relacionamentos emocionais.”

Abraçar é uma forma simples de se conseguir um aumento da oxitocina. Dar ou receber um presente é um outro exemplo.

Breuning, da Universidade da Califórnia, também aconselha construir relações de confiança, dando “pequenos passos” e “negociando expectativas” para que ambas as partes possam concretizar o vínculo emocional.

Fotos: 1,2,3 – GETTY IMAGES
Fotos: 4,5,6 -THINKSTOCK
23 regras simples de etiqueta para você nunca fazer feio à mesa

“Cuidar do cérebro devia ser uma prioridade dos mais novos”

Já escovou os dentes hoje? E cuidou do cérebro também? Álvaro Bilbao, autor do livro “Cuide do Seu Cérebro”, garante que, seguindo alguns passos, é possível ter uma mente ágil em qualquer idade

Exercitar o cérebro é preciso. E melhor do que fazer quebra-cabeças é ir caminhar.

Cuidar do cérebro é mais importante do que cuidar da pele — a indústria da beleza que nos perdoe — e devia ser um hábito tão comum como escovar os dentes depois de cada refeição. A mensagem, talvez um pouco atípica, é do psicólogo espanhol Álvaro Bilbao, conhecido pelo livro “O Cérebro da Criança Explicado aos Pais”, mas agora o foco é outro. Sobretudo desde que foi lançado em Portugal, terça-feira passada, o livro “Cuide do Seu Cérebro… E Melhore a Sua Vida”, do mesmo autor.

“Cuidar do cérebro não devia ser uma prioridade das pessoas mais velhas, mas sim das mais novas, por vários motivos. As pessoas que cuidam dos seus cérebros desde jovens têm menor risco de ter doenças quando são mais velhas”, diz Álvaro Bilbao em entrevista exclusiva ao Observador.

No livro em destaque, o neuropsicólogo e psicoterapeuta apresenta seis áreas-chave a que devemos prestar atenção, pela saúde do nosso cérebro: desde a boa alimentação às devidas horas de sono, passando ainda pelo exercício físico. Já os exercícios mentais, como quebra-cabeças ou “sudokus”, são bons, mas nada bate “sair à rua, caminhar, falar com pessoas e comprar peixe e verduras”.

Recordemos os leitores: porque é que o cérebro é tão especial?
O cérebro é um órgão muito especial por dois motivos. Em primeiro lugar, é um órgão que não pode ser transplantado e não pode ser tratado, como acontece com os pulmões. É um órgão que temos desde que nascemos, com os mesmos neurónios. Em segundo lugar, é no cérebro que residem as nossas emoções, a nossa inteligência e a nossa capacidade para tomar decisões. É a parte do corpo que nos distingue, à nossa natureza e à nossa maneira de ser. É o que faz com que cada um de nós seja a pessoa que é.

No livro escreve que a longevidade que temos vindo a adquirir é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio para o cérebro. Porquê?
Sabemos que o nosso cérebro está programado para viver uma série de anos. Cada vez mais vivemos mais anos e isso é uma oportunidade no sentido em que podemos aprender mais coisas e podemos desfrutar da vida durante mais tempo, coisa que antes não acontecia, numa altura em que ter 60 ou 70 anos era sermos anciães. No entanto, também é um desafio porque, a cada cinco anos que ficamos mais velhos, a cada cinco velas a mais que colocamos no nosso bolo de aniversário, duplicam as probabilidades de termos algumas doenças, pelo que é muito importante que sejamos responsáveis pelo nosso próprio cérebro. Ele é um órgão do qual temos de cuidar com muito carinho, com muito mimo, porque se não tomamos bem conta dele, estes anos a mais podem ser anos com pouca qualidade de vida. Se, ao contrário, cuidarmos bem dele, esses mesmos anos podem vir a ser anos de muita desfrute.

É no cuidado do cérebro que está a possibilidade de desfrutar da sua memória, da sua alegria ou do seu bem-estar físico, agora e durante mais tempo. A importância do cuidado do cérebro é tal que alguns países iniciaram campanhas nacionais de saúde cerebral ou planos estratégicos para prevenir o Alzheimer e a demência entre a terceira-idade.
(“Cuide do Seu Cérebro”, pág. 17)

A que tipo de perigos está, então, o cérebro sujeito?
Cuidar do cérebro não devia ser uma prioridade das pessoas mais velhas, mas sim das mais novas, por vários motivos. Em primeiro lugar, as pessoas que cuidam dos seus cérebros desde jovens têm menor risco de ter doenças quando são mais velhas, mas também porque se cuidamos do nosso cérebro enquanto somos jovens, desfrutamos de uma melhor memória, concentração e humor durante a vida. O principal inimigo que as pessoas jovens têm hoje em dia é o stress e a pressa. Sabemos que quando vivemos em stress, com demasiadas exigências e pressas, isso diminui a nossa capacidade de nos sentirmos bem e, além disso, erramos mais vezes na hora de pensar. As pessoas acreditam que quanto mais stress, melhor pensam sobre as coisas. O stress, as preocupações que vivemos quando temos 30 ou 40 anos, aumentam a nossa probabilidade de virmos a sofrer de doenças como o AVC e o Alzheimer. Entre as primeiras causas de morte nos países ocidentais, no ano passado, estava o AVC, os enfartes cerebrais. O curioso é que 80% dos enfartes cerebrais podem ser prevenidos se tivermos em conta algumas normas de saúde cerebral. É um tema que preocupa muitas pessoas, porque são muitas as que tiveram um pai ou um avô que morreu na sequência de um AVC. E também sabemos, no caso do Alzheimer, que uma boa saúde cerebral e bons cuidados podem atrasar a doença e, em alguns casos, esse atraso pode evitar que a doença apareça — pode atrasar durante tantos anos que morremos antes que alguma coisa aconteça. Cuidar do cérebro enquanto jovens ajuda a prevenir doenças relacionadas com a memória, e não só.

Entre os pacientes que têm um AVC encontramos pessoas de todas as classes sociais, profissões e idades. Abundam as que fumam e têm um elevado nível de stress, excesso de peso, colesterol ou açúcar no sangue. De facto, se tiver dois destes fatores de risco antes dos 40, a probabilidade de ter um AVC antes dos 80 anos é de 50 por cento.
(“Cuide do seu cérebro”, pág. 23)

Mas à partida pode parecer estranha a ideia de cuidarmos do nosso cérebro. As pessoas estão conscientes de que este é um ritual tão importante como escovar os dentes todos os dias?
Não, a verdade é que as pessoas não se preocupam com o cérebro porque este parece um órgão que resiste a tudo e que nos serve durante a vida toda. O cérebro cuida-se através da alimentação e do exercício físico, o que, por sua vez, ajuda a promover a descontração e a concentração. O cérebro cuida-se também através do sono. A verdade é que até há poucos anos os cientistas não sabiam como é que se cuidava de um cérebro. Sabíamos como cuidar dos dentes e da pele, mas sabíamos muito pouco sobre isso em relação ao cérebro.

Álvaro Bilbao é doutorado em Psicologia, é ainda neuropsicólogo e psicoterapeuta. © Divulgação

A “reserva cognitiva”, tal como escreve no livro, é uma das formas de cuidar do cérebro. Em que consiste e como é que esta pode ser trabalhada?
A reserva cognitiva é a acumulação de conexões neurológicas que fazem com que o nosso cérebro pense melhor, além de o protegerem do envelhecimento. O exemplo que dou sempre é o seguinte: imaginemos que temos dinheiro guardado no banco, se tivermos muito dinheiro — e aqui o dinheiro são os neurónios no nosso cérebro, as muitas conexões que criámos à base de estudos e de aprendizagens —, quando temos um problema económico podemos utilizar esse dinheiro para não passarmos mal, para não passarmos fome e para não termos de dormir na rua. Da mesma maneira, quando aprendemos muitas coisas, vamos guardando essa informação na forma de conexões neuronais, pelo que o nosso cérebro fica maior (à semelhança da nossa conta bancária). Essa reserva cognitiva permite-nos pensar mais rápido e de uma maneira mais eficiente. As muitas conexões que criamos podem ajudar-nos a proteger ou a atrasar certas doenças.

Sermos pessoas mais educadas, no sentido da cultura, é uma solução?
Sim, aprendermos mais coisas é uma solução. Há muitos anos que sabemos que ter mais níveis de estudos, como por exemplo ter passado pela universidade, é algo que nos protege face ao envelhecimento cerebral, mas hoje em dia também sabemos que outro tipo de atividades podem ajudar a construir a reserva cognitiva, como falar vários idiomas, ler livros e aprender coisas novas ou viajar. Não é preciso ser-se um académico ou ter estudos universitários, o mais importante é que sejamos pessoas curiosas, que estejamos sempre dispostas a aprender coisas novas.

E estamos sempre a tempo disso?
Sim, durante toda a vida podemos criar novas conexões neurológicas. Todos os dias criamos novas conexões, portanto qualquer pessoa, em qualquer idade, pode aumentar a sua reserva cognitiva.

E o que devemos e podemos comer para promover a saúde mental?
Essa é outra área muito importante. A nutrição “neurossaudável” compreende os alimentos que pensamos serem os mais saudáveis para o cérebro. Nesse sentido sabemos que 60% do cérebro é composto por matéria gorda e, por isso, é muito importante introduzir gorduras “neurossaudáveis”, que não sejam saturadas ou hidrogenadas. O melhor são as gorduras do tipo ómega 3, que estão contidas em frutos secos ou no peixe azul. Também é muito importante ter os níveis de energia estáveis, para que tenhamos um estado mental equilibrado durante todo o dia. Para estarmos concentrados durante um largo período de tempo convém introduzir hidratos de carbono complexos em vez de açúcares refinados. As vitaminas e os minerais também são muito importantes — nesse sentido, as frutas e as verduras são essenciais (graças às vitaminas e aos minerais construímos, por exemplo, os neurotransmissores que são a principal fonte de bem-estar emocional). É ainda importante reduzir as proteínas que vêm acompanhadas de gorduras pouco saudáveis, como as carnes vermelhas, sendo preferível consumir proteínas provenientes do pescado e de carnes com pouca gordura ou de carnes brancas.

Há algo que não possamos comer ou beber?
Sim, sabemos que há certos alimentos que são prejudiciais ao cérebro e, nesse sentido, tudo o que são alimentos com grandes quantidades de açúcar podem favorecer a aparição de diabetes, mas também fazem com que o cérebro funcione de uma forma mais irregular. Dito isto, os doces são muito prejudiciais, bem como os alimentos com muita gordura (ou com gorduras de má qualidade, incluindo gordura animal ou saturada). Eu defendo que as pessoas podem comer um pouco de tudo, mas sempre com moderação. Sabemos que um copo de vinho pode contribuir para favorecer a circulação do sangue, mas também sabemos que muito álcool pode ser prejudicial e pode contribuir para o aparecimento de cancro. O mesmo para o café e para o chocolate, que têm antioxidantes, mas não convém ingeri-los em grandes quantidades. Outros alimentos prejudiciais são aqueles que têm corantes ou conservantes. É sempre melhor comer produtos frescos.

Outro tópico mencionado no livro é a questão do sono. Há pouco tempo entrevistámos Arianna Huffington, fundadora do jornal Huffington Post e autora do livro “A Revolução do Sono”. Ao Observador, Huffington disse que a “a privação de sono é uma epidemia global”. Concorda?
Totalmente. Sabemos que o sono é um dos fatores de proteção do cérebro, um dos mais importantes — o exercício físico é ainda mais importante. Mas o sono é, muito provavelmente, o fator onde mais nos descuidamos. Desde que apareceu a luz elétrica, no século XIX, temos vindo a roubar horas ao sono, de tal maneira que o ser humano dorme cada vez menos horas (e as crianças também). Estamos a ver adolescentes de 16 anos que, em vez de dormirem nove ou 10 horas todos os dias, estão a dormir cinco ou seis. Isto é muito prejudicial para o cérebro porque, quando dormimos, ocorrem duas coisas muito importantes. A primeira coisa é que armazenamos informação na memória de longo prazo — o ato de dormir é uma forma de armazenar informação, pelo que se quisermos ter uma boa memória, é fundamental dormir muito. Outra coisa é que, quando dormimos, o nosso cérebro ativa o nosso sistema imunológico, que tem como missão reparar o cérebro e eliminar todas as toxinas que se acumularam durante o dia — devido à poluição, aos corantes e aos conservantes na comida –, mas também elimina as substâncias que produzem o próprio stress. O ato de dormir tem a função de reparação.

Socializar é uma atividade essencial na proteção do cérebro face à passagem do tempo, bem como no atraso do aparecimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Sabemos que as pessoas mais longevas do mundo vivem rodeadas de seres queridos e costumam proceder de comunidades onde a relação entre os seus membros é próxima.
(“Cuide do seu cérebro”, pág. 147)

Escreve ainda que a relação com outras pessoas é também fundamental para cuidar do cérebro.
Sim, sabemos que as sociedades no sul da Europa têm um fator de proteção face ao envelhecimento cerebral, que são as relações sociais. Quando estamos a conversar com outras pessoas, quando nos sentimos unidos à nossa família, aos nossos amigos e aos companheiros de trabalho, isso reduz os níveis de stress e os níveis de ansiedade, e permite-nos exercitar a mente. Quando conversamos com outras pessoas estamos a realizar uma ação cerebral muito complexa.

Outra ideia interessante no livro é o facto de existirem diferenças entre o cérebro masculino e feminino. Isso pode ajudar a explicar o motivo por que, por vezes, homens e mulheres não se entendem?
Os cérebros do homem e da mulher não são assim tão diferentes, mas ao nível científico há diferenças claras, apesar de não serem assim tão grandes. Sabemos que as mulheres têm mais 200 milhões de neurónios na área da linguagem, isso implica que as mulheres têm mais vocabulário e melhor memória verbal. As mulheres também têm tendência a comunicar mais com os dois hemisférios [direito e esquerdo], de tal maneira que podem relacionar mais vezes o mundo racional com o emocional. É por isso que, quando uma mulher tem um problema, muitas vezes tende a ligar a uma amiga, à mãe ou à irmã, uma vez que as mulheres tendem a resolver os problemas em sociedade, de uma maneira mais social. Já os homens quando têm um problema, racionalizam as coisas de forma solitária. Quando uma mulher tem um problema e o conta ao marido, o marido pensa e dá uma solução, e a mulher sente-se sozinha porque acha que o marido não a escutou. Mais, as mulheres vivem em média mais cinco anos do que os homens e isso faz com que o seu cérebro seja mais vulnerável a algumas doenças.

Que tipo de perguntas ouve mais vezes?
Muitas pessoas perguntam que tipo de exercícios podem fazer para cuidar do cérebro. Perguntam sempre pelos “sudokus” e pelos quebra-cabeças. Na verdade sabemos que estes exercícios não são os mais importantes para o cérebro. Sabemos, sim, que fazer exercício é muito importante, provavelmente o mais importante que podemos fazer: quando caminhamos estamos a oxigenar o cérebro e estamos a fortalecer a relação entre o cérebro e o coração. Em vez dos quebra-cabeças, o melhor é sair à rua, caminhar, falar com pessoas e comprar peixe e verduras. Os exercícios mentais que ajudam o cérebro, que ajudam a criar uma reserva cognitiva, são aqueles que são interessantes, difíceis e novos.

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Cinco dicas para perceber e estimular o cérebro do seu filho

“Bebés Brilhantes” é um novo livro que pretende mostrar como estimular a inteligência antes dos 3 anos. Esta é a pré-publicação do capítulo “A verdade do cérebro: 5 dicas que os pais devem conhecer”.

Temos agora provas de que as experiências precoces são literalmente moldadoras do cérebro. Graças à última neurociência – combinada com a pesquisa relacionada em pediatria, psicologia e desenvolvimento infantil –, possuímos agora uma clarificação acerca do que as crianças muito jovens precisam mais e de quando. Este novo trabalho confirma a antiga sabedoria: os cuidados básicos que a maioria dos pais carinhosos vulgarmente dispensa são afinal os mais importantes. Poderá ajudar a estruturar um cérebro saudável se:

  • Passar tempo só com o seu filho a amá-lo.
  • Brincar com ele.
  • Responder rápida e previsivelmente ao seu filho.
  • Tocar e fizer festas ao seu filho.
  • Fornecer rotinas que estabeleçam padrões de resposta carinhosa.
  • Falar com ele.
  • Ler e cantar para o seu filho.

Parece fácil, não parece? Na verdade, é como o bê-á-bá: a atenção, a ligação e a comunicação são três portas de acesso comprovadas para um brilhante início. Só recentemente os investigadores foram capazes de mostrar a razão pela qual são estes comportamentos regulares os determinantes de um desenvolvimento normal. Felizmente, há coisas que os pais e qualquer adulto que cuide de crianças podem fazer – um conhecimento que espero que o deixe menos stressado, culpado ou confuso sobre o seu papel no desenvolvimento do bebé.

Antes de lhe mostrar como pode influenciar a aprendizagem precoce do seu filho, será útil conhecer algumas das impressionantes principais descobertas acerca do desenvolvimento cerebral que conduziram ao foco nesses três aspetos: atenção, ligação e comunicação.

No exterior, é evidente, o seu bebé muda quase impercetivelmente dia após dia. Se conseguisse olhar para dentro do seu cérebro, contudo, veria esse crescimento ocorrer a um ritmo miraculoso. E a acontecer mais depressa, e mais cedo, do que alguém, dentro ou fora da comunidade científica, previamente imaginara. Só durante o primeiro mês de vida, as conexões entre os cem mil milhões de células cerebrais presentes ao nascimento aumentam 20 vezes, criando mais de um trilião de linhas de comunicação que ajudam o bebé a dar sentido ao seu mundo. Números destes são na realidade demasiado grandes para poderem ser compreendidos. Mas não precisa de saber nada de neurobiologia para perceber que um trilião de qualquer coisa representa uma enorme quantidade de energia a ser posta em funcionamento dentro daquela pequenina cabeça. Imagine que uma parte do corpo mais visível, como os pés, crescia ao ritmo alucinante do cérebro – atingindo 75 por cento do tamanho adulto aos dois anos e meio. Pode ter a certeza de que todos prestaríamos mais atenção aos pés!

“No exterior, é evidente, o seu bebé muda quase impercetivelmente dia após dia. Se conseguisse olhar para dentro do seu cérebro, contudo, veria esse crescimento ocorrer a um ritmo miraculoso. E a acontecer mais depressa, e mais cedo, do que alguém, dentro ou fora da comunidade científica, previamente imaginara.”

Apenas nos últimos dez ou 15 anos, as tecnologias de imagem como a TEP (tomografia por emissão de positrões) e a IRMf (imagem por ressonância magnética funcional) permitiram que víssemos o que acontece dentro de um cérebro em crescimento e a funcionar. Estas tecnologias produzem “instantâneos da ação” que ilustram graficamente as áreas do cérebro que mudam em resposta a diferentes tipos de estimulação e uso. Este trabalho, realizado sobretudo em adultos até muito recentemente, forneceu-nos uma nova dimensão da compreensão sobre como o cérebro opera e influenciou de modo espetacular o nosso pensamento acerca do que as crianças muito pequenas provavelmente precisarão para florescer e quando.

Dica nº1: a inteligência pode ser moldada após o nascimento

Dantes pensava-se que a biologia era o destino, que o QI já nascia assim, não se fazia. Claro que alguns miúdos pareciam mais espertos do que outros logo desde que nasciam. Mas sabemos agora que a soma da capacidade intelectual do bebé não é fixada à nascença. Uma criança nasce com um nível de QI que poderá variar até 20 ou 30 pontos no máximo. Embora os genes e a saúde física preparem o cenário para alguns dos futuros comportamentos da criança, o QI de uma criança e a sua capacidade para funcionar bem dependem também das experiências ambientais a que estiver exposta numa base consistente.

Pense no desenvolvimento de um cérebro saudável como uma dança entre a biologia (aquilo com que a criança nasceu) e o cuidado precoce (o que acontece após o nascimento). Os dois aspetos estão de tal modo interconetados que os cientistas examinam agora fatores ambientais que poderão impedir ou facilitar a forma como os genes operam. Pensávamos que os genes funcionavam de forma estática – se tivessem um gene para determinada coisa, exibiam esse traço (a cor dos olhos, por exemplo). Contudo, alguns genes poderão estar dormentes; o facto de se “ligarem” ou não depende da experiência. Esta é uma nova descoberta espetacular! As primeiras experiências consistentes do bebé poderão na realidade protegê-lo contra a ligação de certos genes envolvidos em traços indesejáveis, como a hiperatividade, a compulsividade e o comportamento agressivo.

Um exemplo espantoso do poder das experiências da vida para alterar o “destino” inscrito nos nossos genes é passível de ser observado nos macacos resos. Os que nascem com uma variação particular de um gene tornam -se extremamente agressivos quando são crescidos, se tiverem um fraco vínculo com as mães durante a infância, ao passo que outros macacos com a mesma variação genética não se tornam agressivos quando desenvolvem uma relação segura com a mãe. Apesar de os macacos em cada uma das situações terem a mesma versão do gene, possuem níveis muito diferentes do químico que é produzido pelo gene. Isto indica que as experiências nos primeiros anos podem mudar a forma como certos genes funcionam.

Além disso, como as macacas perpetuam a imitação do mesmo tipo de relações de apego com os bebés que elas próprias experimentaram, é possível que as tendências comportamentais que desde há muito se acreditava serem transmitidas através dos genes de cada um (como a agressividade) possam, em vez disso, ser adquiridas através da aprendizagem social. Stephen Suomi, doutorado em medicina, diretor do Laboratório de Etologia Comparada no Instituto Nacional dos Cuidados Infantis e do Desenvolvimento Humano, chama a isto o “efeito de almofada da boa maternidade”. Falem-me do poder da experiência! Ainda não sabemos com certeza se este tipo de investigação animal é diretamente aplicável ao comportamento humano, mas novas descobertas como esta sublinham princípios neurobiológicos básicos que provavelmente se aplicarão também a nós.

“Sabemos agora que a soma da capacidade intelectual do bebé não é fixada à nascença. Uma criança nasce com um nível de QI que poderá variar até 20 ou 30 pontos no máximo. Embora os genes e a saúde física preparem o cenário para alguns dos futuros comportamentos da criança, o QI de uma criança e a sua capacidade para funcionar bem dependem também das experiências ambientais a que estiver exposta numa base consistente.”

O que isto significa para o seu filho: o debate clássico entre natureza e educação e qual delas moldará a inteligência e a personalidade está terminado na essência. As duas estão interligadas. Uma criança poderá crescer inteligente, independentemente dos níveis de inteligência dos pais, e uma criança que nasceu inteligente poderá manter ou exceder essa inteligência, dependendo das experiências da vida.

Dica nº 2: a maioria da estruturação básica do cérebro ocorre nos primeiros anos

Qualquer pessoa que passe bastante tempo com crianças muito novas – pais, professores do jardim infantil e da pré-primária, cuidadores infantis – perceberá que este estádio é verdadeiramente espantoso. Muitos de nós, que estamos envolvidos na educação, sentimos que devemos prestar maior atenção aos miúdos nos primeiros anos, embora poucos consigam explicar porquê. Em resultado disso – e também porque a comunidade científica não conseguia ver o cérebro da mesma forma que via e media outras partes do corpo através de radiografias, ultrassons, análises sanguíneas… –, a ênfase no desenvolvimento precoce continuava a ser uma ideia vaga. Agora, evidentemente, compreendemos a razão pela qual merece uma atenção primordial!

Quando o seu bebé nasceu, a maioria dos principais órgãos estava formada, embora em miniatura. O coração, por exemplo, já tinha as mesmas partes e os mesmos princípios operativos em funcionamento para poder bater mais de dois mil milhões de vezes durante um período de vida. Os pulmões, o fígado, os rins – todos estavam prontos e a funcionar, pois a sua estrutura essencial fora formada antes do nascimento e crescera depois a um ritmo contínuo, junto com o resto do corpo.

O mesmo não acontece com o cérebro. Este inicia a vida fora do útero notavelmente incompleto – apenas cerca de um quarto do seu eventual tamanho adulto. Contudo, antes do segundo aniversário do seu filho, terá saltado para três quartos do tamanho adulto e aos cinco anos terá quase o peso e o volume adultos (90 por cento).

“Quando o seu bebé nasceu, a maioria dos principais órgãos estava formada, embora em miniatura. O mesmo não acontece com o cérebro. Este inicia a vida fora do útero notavelmente incompleto – apenas cerca de um quarto do seu eventual tamanho adulto.”

Isto não significa que 90 por cento da informação que uma pessoa venha a obter sejam aprendidos nos primeiros cinco anos – longe disso! Significa que, nesses primeiros anos, a forma como a informação flui através das estruturas do cérebro e é processada está em grande parte estabelecida. Estas vias e estruturas serão usadas e voltadas a usar à medida que a aprendizagem prossegue.

Parte do tremendo crescimento nos primeiros anos deve-se ao desdobramento dos genes, mas parte dele é resultado das primeiras experiências. Os ambientes do bebé começam a exercer influências nas células dentro do cérebro, desde o início. Apesar de a maioria das células cerebrais (neurónios) ser produzida antes do nascimento, estas estão fracamente ligadas. Grande parte das conexões entre os neurónios, chamadas sinapses, tem de ser criada depois. Consoante o cérebro amadurece, cada neurónio envia múltiplas ramificações para comunicar com outros neurónios. Há duas formas de ligar estas “linhas ramificadas” – algumas enviam informação (axónios) e outras recebem informação (dendrites). Pensa-se que a maior parte do crescimento do cérebro durante os primeiros anos se deve ao crescimento das dendrites, as linhas que captam a informação. Estas sinapses funcionam como linhas telefónicas entre células, permitindo que enviem mensagens umas às outras. O padrão individual de conexões de cada um forma a base de todo o movimento, pensamentos, memórias e sentimentos.

O cérebro do recém-nascido lembra uma rede de comunicações numa cidade onde as principais linhas existem em cada bairro, sendo, no entanto, necessários tempo e experiências para criar conexões específicas de casa para casa. Cada cérebro começa a fazer as suas associações particulares, com fios que crescem conforme são necessários.

O que isto significa para o seu filho: a aprendizagem começa muito antes da pré-primária. A cada hora de vigília de cada dia, são formadas novas conexões neuronais e modificadas através das interações físicas e verbais que o bebé estabelece com os pais, com os irmãos e com outros cuidadores. Chora e pegam nele e é estabelecida uma nova ligação: quando faço isto, acontece aquilo. Sempre que lhe batem nas costas, o alimentam, ou o levam para outro local, são feitas novas conexões. O cérebro evolui em resposta à experiência e ao ambiente. Na realidade, formar, refinar e eliminar conexões neuronais é a principal tarefa do desenvolvimento cerebral precoce. É o processo mágico que suporta todo o tipo de aprendizagem.

A rede de fios particular que o seu filho desenvolverá é especificamente dele. Mais ninguém no planeta – nem sequer um gémeo idêntico – poderá replicar a exata combinação desta marca da hereditariedade e da experiência.

Dica nº 3: o modo como o cérebro cresce pode ser influenciado pela forma como é usado

As crianças podem nascer numa espantosa série de situações de vida. Poderão ser embrulhadas em mantas de pelo de urso no frio ártico ou transportadas em faixas, pele contra pele, através de florestas tropicais. Poderão ouvir uma de centenas de línguas, com os seus inúmeros dialetos. Essas línguas nativas poderão ser expressadas aos berros, com dureza, por bêbedos, ou em vozes suaves, embaladoras e amistosas. Um bebé poderá ser propositadamente protegido das cruéis realidades da vida, ou atirado para “nadar ou ir ao fundo”, num bairro de pedintes. Desde o princípio, o cérebro começa a adaptar-se ao lugar e ao espaço onde aterrou.

Não existe um modelo único e específico para o crescimento do cérebro que cubra aquilo que será necessário para sobreviver em todos os ambientes possíveis. O cérebro começa apenas com um mandato geral: “Faz crescer as tuas conexões conforme for necessário.” Os cérebros são constituídos de forma a mudar para poderem ficar vivos! A sobrevivência depende da contínua adaptação a novas informações e condições mutáveis. Este instinto é inconsciente, mas poderoso. A rápida velocidade com que um jovem cérebro se adapta permite que o bebé ganhe a máxima vantagem no interior do clima, da cultura ou do sistema familiar em que lhe calhou nascer.

Durante o desenvolvimento inicial, serão formadas mais conexões do que as necessárias – biliões a mais! O cérebro de uma criança de dois anos normal, por exemplo, tem quase o dobro do número de conexões do vosso cérebro. As rotinas como comer, tomar banho e brincar fortalecem sinapses particulares, ao passo que as conexões que não são reforçadas pela repetição acabam por definhar. Este processo natural chama-se desbaste neuronal.

“Durante o desenvolvimento inicial, serão formadas mais conexões do que as necessárias – biliões a mais! O cérebro de uma criança de dois anos normal, por exemplo, tem quase o dobro do número de conexões do vosso cérebro.”

Dado que estamos condicionados para acreditar que mais é melhor, muitas pessoas partem do princípio de que construir sinapses é que interessa. Afinal de contas, ninguém gosta de pensar em “perder” alguma coisa! Mas o desbaste neuronal é um puro truque de sobrevivência humana que permite que um bebé se adapte a muitos possíveis cenários e condições diferentes. As conexões que são frequentemente usadas mantêm-se e são fortalecidas através do uso continuado. A um nível celular, este uso repetido de vias permite à energia que viaja entre os neurónios fluir com maior rapidez e eficácia, libertando assim energia de modo a conceder à pessoa que se especialize nessas ideias sons e conceitos com que trabalha mais frequentemente.

Ajuda imaginar as vias no cérebro como uma rede de estradas. Antes de começar o desbaste neuronal, quando precisamos de ir do local A para o local B, existem muitos percursos diferentes por pequenas estradas que podemos tomar para chegar lá. Com a experiência, aprendemos qual o percurso mais fácil e mais rápido e fazemo-lo com maior frequência, deixando de usar as outras estradas, mais pequenas e menos eficazes, para ir de A a B. A estrada que usamos mais vai-se alargando com o tempo e transformando-se numa estrada maior, acabando eventualmente como uma super-autoestrada, tornando a viagem de A para B rápida e fácil.

O número de conexões sinápticas atinge o pico nos primeiros anos de vida. Depois, estabiliza na primeira infância, sendo em seguida desbastado em cerca de 40 por cento no final da infância e na adolescência. Para vos dar uma ideia da atividade que ocorre, apenas entre os quatro e os dez anos, cerca de um bilião de sinapses são perdidas só na área do processamento visual do cérebro. Como é possível que tantas capacidades sejam desenvolvidas durante esse período, quando tantas conexões estão a ser perdidas? Tal deve-se ao facto de, enquanto o desbaste neuronal ocorre febrilmente, o mesmo se passa com outro processo chamado mielinização. Esta acelera e torna mais eficaz a comunicação entre as células cerebrais nas conexões que restam. A mielina é uma substância gordurosa que cresce para rodear a fibra nervosa, permitindo que os impulsos elétricos que viajam ao longo da fibra, quando as células cerebrais comunicam, fluam mais fácil e rapidamente. A mielinização ocorre em diferentes alturas em diferentes partes do cérebro e parece coincidir com o surgimento da melhoria de várias aptidões físicas e capacidades cognitivas. Por outras palavras, o cérebro está desenhado para aprender mais facilmente em determinados pontos do tempo. A mielinização é mais rápida durante os dois primeiros anos de vida – quando o cérebro processa uma grande quantidade de informação nova: linguagem, temperaturas, cores, sons, odores, texturas, causa e efeito, o que é um rosto, etc. –, mas prossegue durante a vida adulta, com a máxima velocidade de processamento neuronal a ser atingida durante os dez e os 20 anos.

As imagens [em baixo] mostram fatias do cérebro que foram aumentadas de modo a revelar os neurónios individuais e as conexões entre neurónios. A imagem da esquerda apresenta alguns dos neurónios presentes ao nascimento. Reparem que existem poucas ligações entre eles.

A do centro mostra a explosão da atividade neuronal na altura em que a criança tem seis anos. Não admira que os miúdos da primeira classe sejam tão ativos e difíceis de sossegar! No seu mundo, tudo está ligado a todas as coisas.

O cérebro de uma criança de seis anos está animado de conexões neuronais. Reparem no emaranhado de árvores neuronais, cheias de dendrites cerradas. A aprendizagem é quase sem esforço, embora os traços como o autocontrolo tenham de esperar que as vias inibidoras sejam mais tarde esculpidas no interior desta massa de ligações excessivas. (…)

Cerca dos 14 anos (à direita), o cérebro começou a desbastar as conexões raramente usadas e que não formaram circuitos permanentes. (Se tiver um jovem adolescente, poderá brincar com ele, mostrando-lhe aqui a prova viva de que está a perder a cabeça!) Um exemplo do tipo de conhecimento que se perde: quando andavam na quarta classe, era importante saber o nome da rapariga que se sentava ao seu lado na sala. Agora, anos mais tarde, saíram da terra natal e deixaram de ter necessidade de saber o nome da rapariga. Esse tipo de informação pode ser desbastado sem qualquer “custo” para o cérebro.

O que isto significa para o seu filho: as conexões que são formadas e as conexões que acabam por ser retidas são moldadas pelas experiências iniciais de cada um. Como pai, tem o poder de influenciar alguns dos tipos de “estradas” que são construídas e as que serão mais frequentemente percorridas no cérebro do seu bebé. Fatores essenciais: repetição, rotina e reforço positivo.

Dica nº 4: a estruturação inicial do cérebro é resistente à mudança

Eis mais provas de que os recém-nascidos e a primeira infância merecem atenção especial: essas estruturas cerebrais que se estabelecem mais cedo fornecem uma espécie de “molde organizacional”, que influencia o futuro crescimento e desenvolvimento. As primeiras partes do cérebro a serem organizadas são as que menor probabilidade têm de mudar. Por exemplo, os sistemas cerebrais iniciais a serem estruturados, pré-natalmente e durante os primeiros meses, são os que regulam a tensão arterial, o ritmo cardíaco e a temperatura corporal. É óbvio que ninguém deseja que esses sistemas biológicos vitais variem radicalmente de um momento para o outro.

As estruturas cerebrais envolvidas no processamento das emoções são também estabelecidas muito cedo. É crucial conhecer este facto porque estas estruturas ajudam a preparar a reatividade emocional, a capacidade de escolher apropriadamente as reações emocionais em relação à situação presente. Embora o sistema emocional seja mais adaptável do que as regiões cerebrais que sustentam as funções corporais vitais, não deixa de ser bastante resistente à mudança.

O que isto significa para o seu filho: esta noção de que quanto mais cedo é estabelecido um sistema, mais resistente se torna à mudança constitui ao mesmo tempo uma boa e uma má notícia. A boa notícia: os efeitos de ter um forte começo emocional provavelmente persistirão, o que traz repercussões positivas para a grande parte do desenvolvimento cerebral que se segue. Se uma criança tiver um forte começo emocional, provavelmente será resistente e capaz de enfrentar mais tarde os fatores stressantes da vida. Todos os sistemas que processam a informação necessária para estabelecer uma base estável, para toda a vida, do melhor tipo para a aprendizagem, florescem num ambiente previsível, fornecido por pais que:

  • Criam experiências interessantes.
  • Asseguram uma forte sensação de segurança.
  • Pegam e tocam ternamente o seu filho com frequência.
  • Partilham coisas interessantes que podem ser vistas e ouvidas.

A má notícia, contudo, é que o contrário é também verdade: se as crianças viverem em ambientes caóticos, desatentos e abusivos, os seus efeitos serão da mesma forma resistentes à mudança.

Dica nº 5: nunca é tarde!

Se tiver um filho já perto dos três anos ou mais velho, quero que pare agora para o encorajar: “Respire fundo!” Por vezes, vejo pais que, depois de saberem como os primeiros anos são cruciais, ficam nervosos e lamentam todas as coisas que receiam não ter feito “bem”. (Talvez devesse ter lido mais ao meu bebé… Eu sabia que devia ter insistido para que a Rachel tivesse aulas de música… Quem me dera não ter permitido que a minha irmã ficasse a fazer de babysitter todos os dias, só porque precisava do dinheiro depois do divórcio…) Quaisquer que sejam os remorsos, livre-se deles. Uma das minhas citações preferidas é de Maya Angelou, que sintetiza uma importante lição: Fiz o que sabia. E quando sabia mais, fazia melhor. Cada um faz o melhor que pode com a informação que tem, e as probabilidades são de que o bebé esteja a florescer. Não é toda a pequena escolha que determina se o seu filho irá desabrochar, mas o padrão geral de amor, segurança e estimulação que lhe fornece.

“A ciência torna claro que o cérebro do bebé não para de crescer e de aprender aos três anos. Nunca é ‘tarde demais’ para influenciar as ligações do cérebro. Nunca é tarde demais para melhorar a qualidade de vida de uma criança. Não é tarde demais aos três ou aos cinco anos; não é tarde demais aos 14. Nunca é tarde demais.”

A ciência torna claro que o cérebro do bebé não para de crescer e de aprender aos três anos. Nunca é “tarde demais” para influenciar as ligações do cérebro. Nunca é tarde demais para melhorar a qualidade de vida de uma criança. Não é tarde demais aos três ou aos cinco anos; não é tarde demais aos 14. Nunca é tarde demais.

O cérebro possui uma notável capacidade, durante toda a vida, para se reorganizar em resposta à informação que recebe do meio ambiente. Os investigadores chamam -lhe plasticidade neuronal e ocorre em todas as idades. A plasticidade neuronal consiste em vários processos diferentes que os investigadores só agora começam a compreender, envolvendo ao mesmo tempo aumentos no número de conexões entre os neurónios e mudanças físicas na forma e estrutura dessas conexões. Pensa-se que, ao longo da vida, a plasticidade neuronal está subjacente a todo o tipo de aprendizagem e memória e explica como o cérebro recupera várias funções quando ocorre um dano traumático.

Quanto mais velhos somos, porém, mais tempo esta “religação” em resposta à experiência poderá demorar; um começo que não seja o ideal na primeira infância poderá significar uma jornada pela vida cheia de problemas não antecipados, ou dispendiosos conselhos e terapias profissionais. Muitos tipos de intervenção são por vezes bem-sucedidas, desde o recondicionamento do cérebro de uma criança disléxica que a ajude a ler melhor até à terapia física de irregularidades psicomotoras. Mas exigem tempo, esforço e dinheiro.

O que isto significa para o seu filho: terá mais de uma estreita oportunidade de três anos para “conseguir ou quebrar” as hipóteses de sucesso do seu filho na vida (ou na entrada para Harvard). Uma criança de qualquer idade beneficiará da atenção/ligação/comunicação. O principal valor da atenção inicial a estes aspetos essenciais nos primeiros três anos é a prevenção. Se tiver a sorte de começar com uma criança normal e saudável, as coisas básicas que fizer para evitar alguns dos percalços da vida poderão ter poderosas repercussões. Como dizia muito bem numa recente campanha mediática californiana acerca da importância dos primeiros anos para o desenvolvimento precoce do cérebro: “As vossas escolhas… moldam as hipóteses deles.” A coisa mais importante que um pai pode fornecer é uma relação carinhosa e estável que conduza a interações frequentes, significativas e recetivas com o seu bebé ou criança pequena. A prevenção faz poupar tempo, dinheiro e desgostos – e não é difícil de conseguir.

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V, a vitamina que dá férias ao cérebro.

Quando as pessoas voltam de suas caminhadas na natureza, elas mostram melhora em testes de memória e de atenção. Conheça os efeitos da “Vitamina V”.

Todos nós já experimentamos como é bom estar na natureza. Quando passamos alguns dias ou até mesmo algumas poucas horas caminhando por uma trilha no meio de uma mata, parece que recebemos uma recarga de energia e somos tomados por sentimentos de paz e otimismo.

Até mesmo os cientistas ficaram muito intrigados com este efeito e resolveram pesquisar. Um grupo de cientistas da Universidade de Michigan EUA descobriu que, quando as pessoas voltavam das suas caminhadas na natureza, elas mostravam 20% de melhora em testes de memória e de sustentação de atenção. Este efeito não acontecia quando a caminhada ocorria em áreas urbanas. Eles relataram que é como se a caminhada em uma área arborizada equivalesse a dar férias ao nosso cérebro. Este efeito foi carinhosamente chamado de efeito Vitamina V (verde).

Quando estamos em espaços verdes, nos conectamos ao ritmo natural da vida, onde tudo tem seu tempo para acontecer, onde as estações nos lembram que tudo é cíclico e que cada fase tem sua beleza. Até mesmo uma árvore morta pode ganhar um novo sentido servindo de moradia para musgos e pequenos insetos. Esta é a ideia de transformação que integra a tudo e a todos!

Porém, parece que a vida moderna nas cidades nos desconectou deste ritmo da natureza. Principalmente nos ambientes corporativos, criou-se a ilusão de que é possível viver só de verão e primavera e que o dia tem 30 horas. Mas esta aceleração “artificial” cobra seu preço! Normalmente o preço é a doença física, emocional e também moral, de quem faz o que for preciso para continuar crescendo.

Metas cada vez mais desafiadoras e competição interna para galgar as escadas da pirâmide organizacional, vão na contramão do aprendizado de bilhões de anos da natureza que nos ensina que tudo tem seu ritmo e que a cooperação além da adaptabilidade, são fatores chave para o sucesso das espécies. É claro, que com todo o avanço científico e tecnológico, podemos e devemos avançar, mas para isto não precisamos esquecer os princípios básicos da natureza; uma análise ecológica (de todas as partes interessadas), pode nos ajudar a tomar decisões mais sábias que gerem prosperidade compartilhada!

E mesmo se você vive em uma cidade como São Paulo, não precisa tornar este contato com a natureza algo complexo e distante. Existem parques com áreas verdes deliciosas dentro da cidade e a poucos quilômetros de distância, reservas florestais. Que tal reservar um tempo da sua semana para desfrutar destes espaços? Uma caminhada a sós e em silêncio na natureza, pode ser maravilhosa! Perceba o que te chama atenção, que sensações novas você tem e como você se sente durante a caminhada. Os efeitos são sutis e muito profundos e muitas vezes é neste espaço de descanso que encontramos a solução para “aquele problema” que passamos a semana toda tentando resolver! Se possível, durante sua caminhada, encontre um local agradável e sem circulação de pessoas. Sente-se e medite por um tempo em uma postura confortável e com olhos fechados. Note para onde vai sua mente. Algumas vezes pode estar atenta aos sons da natureza, outras à sua própria respiração, outras a uma lembrança de algum compromisso que você tem em seguida. Não se prenda a nenhum deles, seja apenas uma testemunha que observa a si mesmo.

Espero que você inclua esta prática na sua vida e que ela traga muitas experiências transformadoras!

in,

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